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Candidatos acusam Mackenzie de falhas na seleção do Prouni

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

18/08/2014 09h01

Dois candidatos que disputavam bolsas integrais do Prouni (Programa Universidade para Todos) para o segundo semestre de 2014 no Mackenzie afirmam que a instituição cometeu erros graves durante o processo de seleção dos participantes em lista de espera.

Segundo eles, houve falhas tanto na convocação -- que não teria seguido as regras do MEC (Ministério da Educação) -- quanto no cancelamento de ao menos uma aprovação -- que foi publicada e, depois, retirada da lista no site da universidade.

De acordo com Fernando Lopes, 27, que também é diretor da ONG Projeto Semente, uma lista de aprovados com data do dia 4 de agosto foi divulgada no portal do Mackenzie.

Ele relata que, ao observar as informações publicadas, identificou alguns nomes cuja nota era inferior e "pulava" diversos candidatos que obtiveram melhores classificações. Essas notas e classificações são publicadas pelo MEC quando as vagas passam a ser disponibilizadas por lista de espera.

Um dos casos apontados por Lopes ocorreu no curso noturno de administração. Havia, no total, nove vagas para bolsas do Prouni e o Mackenzie convocou 18 candidatos para entregar os documentos e comprovar suas informações, uma etapa essencial para a obtenção da bolsa.

No edital do MEC, todos os interessados da lista de espera devem cumprir esse procedimento. O 32º colocado, que não havia sido originalmente convocado, conseguiu a nona vaga e consta da lista final de aprovados. Ele fez 548,2 pontos no Enem -- para se ter ideia, o 18º na classificação tirou 578,6. Nesse intervalo de pontuação, há outros 13 candidatos.

Segundo o levantamento que Lopes fez -- e a redação conferiu -- há cerca de 900 pessoas que teriam "perdido" a vaga em situação semelhante. O problema consistiu em um formulário online que a instituição teria pedido aos candidatos na lista de espera e seria pré-requisito para a apresentação dos documentos. Lopes não foi convocado, mas queria apresentar os documentos conforme prevê o edital do MEC. Ao tentar fazer isso, ele se deparou com um formulário inexistente para seus dados. Foi a partir daí que começou a puxar o fio da meada.

Ao final do processo de seleção, Lopes não foi aprovado matrícula no curso de direito.

Aprovada em um dia, sem vaga no outro

Outra confusão que ocorreu no processo seletivo para o segundo semestre foi uma retificação de lista, que deixou de fora ao menos quatro interessados em bolsa do Prouni no Mackenzie, segundo conferência realizada pela reportagem por meio de registros feitos por Fernando Lopes, que arquivou as diferentes versões da classificação dos aprovados.

Foi o caso da candidata Grazielle Lourenco Lambert, 18, que realizou todo o procedimento necessário – recebeu o e-mail de orientações, preencheu o formulário online da universidade e compareceu para a entrega de documentos – e foi aprovada no curso de publicidade e propaganda, vespertino.

"Entrei no site e vi lá que havia sido aprovada para matrícula no dia 5. Fiquei super feliz. Passou meia hora, no máximo, e a página já não estava mais disponível. Aí não entendi nada", explicou a jovem. Grazielle conta que tentou contato com o setor de bolsas durante todo o dia 4 e que ninguém atendia. No dia seguinte, ao tentar abrir a página novamente viu que seu nome não estava mais lá.

"Liguei e falei com uma funcionária e disseram que a responsável pelo setor de bolsa do Prouni não poderia me atender. Ela me disse que realmente eles tiveram um problema e que estavam tentando arrumar. E informou que a lista oficial era aquela e só isso", lembrou.

Em resposta à Grazielle, o setor de bolsas informou -- somente na quinta-feira (14) -- que "houve uma falha no momento da conversão do arquivo [da primeira publicação da lista], que foi corrigido tão logo percebido e desde dia 05/08 está publicado com a informação da retificação."

Outro lado

O Mackenzie, ao ser questionado pela reportagem, responde que segue as regras do edital do MEC. Sobre as divergências identificadas por Fernando Lopes, a instituição não confirmou nem desmentiu a história.