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Getúlio tem que ser compreendido nas suas contradições, diz biógrafo

Lira Neto é biógrafo de Getúlio Vargas - Reprodução
Lira Neto é biógrafo de Getúlio Vargas Imagem: Reprodução

Do UOL, Em São Paulo

26/08/2014 01h43

O escritor e jornalista Lira Neto foi o entrevistado da noite de segunda-feira (25) do programa Roda Viva, da TV Cultura. Biógrafo de um dos personagens mais amados e odiados da História do Brasil, Lira Neto discorda das visões polarizadas do presidente, o que ele chama de um “Fla-Flu ideológico”. “Getúlio tem que ser compreendido exatamente nas contradições”, diz o biógrafo. “Para o bem e para o mal, Getúlio é o personagem mais importante da história brasileira de todos os tempos”.

Lira Neto diz que Vargas tinha dificuldade de conviver com a imprensa livre e com um Parlamento aberto. “O próprio Getúlio se assumia como um ditador”, afirma. A postura, diz o biógrafo, seria, entre outros motivos, fruto de um momento histórico de ascensão de ditaduras, como a de Hitler e Mussolini, e a crise de grandes democracias, como a dos EUA na década de 1930.

Ele comenta ainda que qualquer tentativa de encaixá-lo em uma ideologia política não seria verdadeira. “Ele se adaptava aquilo que soava bem”, diz, ao lembrar que o mesmo Getúlio que dizia ter se inspirado em Benito Mussolini protagonizou a aproximação do Brasil com os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. “Getúlio era essa metamorfose ambulante, ele ia se adaptando aquilo que naquele momento fosse conveniente, ele não tinha uma ideologia”, diz.

O escritor afirma que Getúlio é um “fenômeno singular da História brasileira” e que a comparação com qualquer político contemporâneo seria “desleal”. “Getúlio é maior do que Lula, Dilma, Aécio e FHC, para o bom e para o mal”, afirma.

A biografia escrita por Lira Neto é composta de três volumes: Getúlio (1882 - 1930) – Dos anos de formação à conquista do poder, Getúlio (1930 - 1945) - Do governo provisório à ditadura do Estado Novo e o último livro, lançado no último dia 18, Getúlio (1945 – 1954) – Da volta pela consagração popular ao suicídio.