Aluna agredida em escola em Sorocaba (SP) vai terminar o ano letivo em casa
A menina Júlia Apocalipse, 13, que foi agredida dentro de uma escola estadual em Sorocaba e chegou a perder três dentes, vai estudar o resto do ano letivo em casa. Segundo a família da garota, ela perdeu muitas aulas e a solução encontrada por conta das faltas é que ela acompanhe o conteúdo em casa, fazendo trabalhos escolares que contarão como avaliações. A mudança foi confirmada pela Secretaria Estadual de Educação.
O órgão explicou que as atividades da jovem serão acompanhadas por uma equipe pedagógica da escola. “A Diretoria Regional de Ensino de Sorocaba informa que a aluna será atendida com compensação de estudos com atividades escolares que serão feitas em casa enquanto ela estiver afastada das aulas por orientação médica”, diz a Secretaria, em nota oficial.
Júlia, que está na 7 série, foi agredida por uma jovem de 16 anos na segunda semana de setembro, quando saia da escola estadual Hélio Del Cistia, no Jardim São Guilherme, zona Norte de Sorocaba. A agressora a encontrou fora da escola e começou a bater nela. Júlia chegou a correr para dentro do colégio, mas foi abordada pela garota, que não estuda no local. Ela ficou desacordada e a agressora chegou a bater a cabeça dela seguidas vezes no chão, o que ocasionou a perda dos dentes.
Segundo o pai de Júlia, o microempresário Jairo Pereira Apocalipse, a intenção da família era mudá-la de colégio, mas isso não será possível neste ano. “Está quase no fim do ano e não temos recursos. Acho que, se ela for pra outra escola pública, ela vai ficar insegura. Então, vamos esperar o ano que vem e tentar conseguir para ela uma vaga em uma escola particular”, conta.
O sistema
O estudo em casa, sem a necessidade de frequência à escola, é uma modalidade permitida pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases) da educação em casos excepcionais, especialmente quando o aluno passa por algum problema de saúde. A autorização pelo estudo domiciliar é de responsabilidade da unidade escolar e da diretoria de ensino local. Pelo sistema, o estudante cobre sozinho o conteúdo programado para a série que cursa e faz trabalhos escolares para que o aprendizado seja avaliado.
“Conversamos na escola e achamos melhor que ela não vá as aulas. Vamos ajudar com a matéria. Ela é muito esforçada e inteligente. Então, achamos melhor ela ficar em casa do que ser humilhada de novo na escola”, conta a mãe da menina, Débora Apocalipse.
De acordo com a educadora Cristiane Aparecida Santos, 42, o sistema pode ser utilizado sem prejuízo na aprendizagem dos alunos. “Ela terá acompanhamento e poderá desenvolver os conteúdos adequados. Só não irá à escola”, diz.
Melhora
Segundo Jairo Apocalipse, Júlia está bem e se recupera das lesões no rosto. Ele contou ainda que uma clínica odontológica de Atibaia doou o tratamento dentário da menina e que duas próteses provisórias já foram colocadas. “Ela está bem, mas terá que voltar todo mês a Atibaia para continuar o tratamento. Quando ela crescer mais, será colocado o implante permanente”, explicou.
Débora acrescenta que a família também tem levado a menina a sessões no psicólogo e toma alguns cuidados especiais. “Fisicamente ela está bem, mas psicologicamente não. Por isso, queremos que ela fique em casa e estude aqui. Evitamos deixá-la sozinha, sempre fica alguém com ela. Ela está melhorando muito, mas ainda temos cuidado”, disse.
Investigação
O caso está sendo investigado na DIJU (Delegacia da Juventude) de Sorocaba. À Polícia Civil, a agressora admitiu que bateu em Júlia e disse que a ação foi motivada por uma suposta ofensa racial proferida, através da rede social Facebook, por Júlia contra uma amiga dela. A informação foi desmentida pela vítima.
Segundo a DIJU, Júlia passou por exame de corpo de delito em 15 de setembro, no IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo. O resultado sai em 30 dias. Com os resultados, a polícia decidirá se irá qualificar o caso como tentativa de homicídio ou agressão. Uma possível internação da agressora na Fundação Casa também será decidida com base no laudo.
Por enquanto, não foi feito o pedido diante do histórico da agressora, que não havia tido problemas com a polícia até então.
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