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Após ameaça feita por aluno, escola fecha e deixa 185 sem aula em Maceió

Clima é de insegurança entre alunos da escola municipal Marizete Correia, ela teve suas atividades suspensas após a ameaça de um estudante de 13 anos - Beto Macário/UOL
Clima é de insegurança entre alunos da escola municipal Marizete Correia, ela teve suas atividades suspensas após a ameaça de um estudante de 13 anos Imagem: Beto Macário/UOL

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

11/11/2014 20h42Atualizada em 12/11/2014 08h42

Uma ameaça de atentado feita por um aluno de 13 anos resultou no fechamento de uma escola municipal da periferia de Maceió e suspensão das aulas para 185 estudantes do ensino fundamental.

A escola municipal Marizete Correia fechou as portas nesta segunda-feira (10) e ficará assim pelo menos até a sexta-feira (14). Até lá, autoridades discutem medidas que atenuem o medo que tomou conta da comunidade escolar.

Segundo relato da direção, na última sexta-feira (7) o adolescente teria roubado a porteira da escola e batido nela. Ele também teria ameaçado voltar para matar alunos e funcionários, caso a escola reabrisse as portas.

A polícia ainda investiga o caso e busca o adolescente. Uma reunião entre polícia e direção da escola está marcada para debater o problema nessa quarta-feira (12).

A escola fica no loteamento Casa Forte, no bairro da Serraria, próximo a comunidades pobres e dominadas pelo tráfico de drogas. Moradores ouvidos afirmam que, nas redondezas, são comuns os assaltos. “Recentemente roubaram até a Bíblia de uma fiel. Perderam o respeito”, contou um morador.

"Agora meu filho está aqui em casa, sem aula. Fechar o colégio é uma falta de vergonha", diz Mario Juarez da Silva, 53.  - Beto Macário/UOL - Beto Macário/UOL
"Agora meu filho está aqui em casa, sem aula. Fechar o colégio é uma falta de vergonha", diz Mario Juarez da Silva, 53.
Imagem: Beto Macário/UOL

A escola sequer tem placa de identificação e o mato alto tomou conta da sua área externa. No entorno de escola, há vários terrenos baldios. A rua onde foi construída não tem asfalto.

Nesta terça-feira (11), o UOL visitou a unidade e encontrou um cadeado na porta, sem ninguém para dar explicações. Não havia vigia na unidade.

O aluno mais problemático

O aluno, que não teve o nome informado, era considerado o mais problemático do 5º ano da escola. Segundo um colega de classe do adolescente, o jovem já teria agredido um colega de sala em outra oportunidade. “Ele era cheio de maloqueiragem. Um dia, ele deu uma rasteira num menino e derrubou ele”, afirmou.

A mãe do colega do adolescente disse ao UOL que, após o episódio, vai tirar a criança e a irmã, estudante do 3º ano, da escola. “Próximo ano ele vai para o 6º ano e já precisaria mudar da escola, mas vou aproveitar eu vou tirar a menor também. Depois dessa, não quero ela estudando lá”, disse, pedindo para não ser identificada.

Já o pai de outro estudante reclamou do fechamento da escola. “Agora meu filho está aqui em casa, sem aula. Fechar o colégio é uma falta de vergonha. Quem já viu um menino de 13 anos fazer isso?”, questionou Mario Juarez da Silva, 53.

Transtorno de personalidade

A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação informou que o adolescente que fez a ameça tem transtorno de personalidade.

Ainda segundo a secretaria, o aluno seria envolvido com tráfico de drogas e fez ameaças de atirar em colegas e professores, caso a escola fosse reaberta, o que gerou medo entre os pais dos alunos.

A secretaria afirmou que não conseguiu ter contato com os pais do aluno para definir o futuro do adolescente, que pode ser transferido.

Sobre o fechamento da escola, o órgão garantiu que o calendário escolar, que deveria ser encerrado em janeiro, deve ser esticado por mais uma semana.

Mesmo de portas fechadas é possível perceber o abandono, com o mato tomando conta de corredores da escola, onde as crianças passam o período de recreação - Beto Macário/UOL - Beto Macário/UOL
Mesmo de portas fechadas é possível perceber o abandono, com o mato tomando conta de corredores da escola, onde as crianças passam o período de recreação
Imagem: Beto Macário/UOL

PM critica fechamento

A ideia de fechar a escola também foi reprovada pela Polícia Militar de Alagoas. “Nós, da PM, não vemos sentido da escola estar fechada. Ela não é a única em que acontecem casos dessa natureza. No caso específico, está tudo sendo investigado, quantos menores estão envolvidos, se tem alguém maior. Tudo dentro da lei foi feito”, afirmou o major Carlos Amorim, comandante do Batalhão Escolar.

Segundo a PM, não há como manter uma equipe fixa no local por falta de efetivo e por não haver "necessidade." Ele explica: "Como em qualquer caso, investigamos e, solucionando o problema, partimos para outro. Sabemos como funciona, estamos no dia a dia tentando contornar os problemas de todas as escolas, que não são poucos".