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Sem salário, funcionária da Uerj diz que não tem como pagar empréstimo

Vilma Paixão participou do ato realizado por funcionários terceirizados da Uerj que estão com os salários atrasados - Daniel Ramalho/UOL
Vilma Paixão participou do ato realizado por funcionários terceirizados da Uerj que estão com os salários atrasados Imagem: Daniel Ramalho/UOL

Maria Luisa de Melo

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/01/2015 20h34

Sem previsão de quando vai receber seu pagamento referente ao mês de dezembro, a auxiliar de serviços gerais Vilma de Paixão Santana Koca, 54 anos, lamenta não ter como pagar suas contas que já estão à beira de um mês de atraso. Entre elas, está um empréstimo contraído há alguns meses, além de contas básicas como luz e cartão de crédito. Vilma é funcionária terceirizada do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

"Não sabemos quando vamos receber. Já questionamos o reitor, o diretor do Hospital Pedro Ernesto e nada. A minha maior preocupação é que tenho parcelas de um empréstimo que são cobradas todo dia dez de cada mês. Como a prestação desse mês já venceu, está correndo juros. Quando o pagamento chegar e, se chegar, o valor vai estar altíssimo e pode levar todo o salário que eu tiver para receber", preocupa-se a moradora da cidade de Mesquita, na Baixada Fluminense.

"Se eu usar todo o meu salário para pagar só empréstimo e juros, vou comer o que? Como vou pagar minha conta de luz? E meu cartão de crédito? Eu moro sozinha, não tenho ninguém para me ajudar. Todos nós, funcionários, temos contas atrasadas", pontua.

A falta de informações oficiais desde o início do mês, quando o salário atrasou,  tem sido um dos alvos principais de queixas dos funcionários terceirizados.

"Já não pagaram o nosso salário e ainda está correndo um boato de que o ticket refeição que cai todo dia 30 não foi pago pela empresa e, por isso, não vai recarregar. Alguns colegas também disseram que o Riocard (vale transporte) também não vai recarregar. Sem vale transporte, como vamos fazer para chegar ao trabalho? Ninguém tem dinheiro para pagar passagem do próprio bolso, porque não recebemos pagamento", conta. "Muitos de nós ainda está vindo trabalhar porque sabe que o hospital precisa da nossa limpeza. Mas a gente também precisa do nosso salário".

Vilma foi uma das funcionárias que participou de uma manifestação nas proximidades da Uerj, nesta quinta-feira (29). Depois de uma passeata que fechou parcialmente duas vias da região os funcionários foram em busca do reitor Ricardo Vieiralves para obter explicações.

Procurada através de sua assessoria de imprensa, a reitoria não respondeu às solicitações. O UOL não conseguiu contato com os responsáveis pela empresa Construir Serviços de Arquitetura Ltda.

Crise na Uerj

No dia 17 de dezembro do ano passado, veio a público uma crise a Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Na ocasião, funcionários da empresa terceirizada de limpeza espalharam lixo pelos corredores do campus Maracanã. Eles estavam com salários atrasados há dois meses. No dia seguinte, o reitor Ricardo Vieiralves informou, em nota, que as dívidas da instituição chegam a R$ 23 milhões.

Na mesma época, o Hospital Universitário Pedro Ernesto perdeu cerca de 400 funcionários temporários, segundo estimativa de sindicato que atua na universidade.

No início deste ano, alunos receberam com atraso os pagamentos das bolsas da universidade. Professores também relataram problemas no pagamento.