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Romance e autoajuda são gêneros preferidos na biblioteca circulante do DF

A cobradora Dorinha Silva, 29 anos, parabeniza o ex-colega Antônio pelo projeto - Sergio Dutti/UOL
A cobradora Dorinha Silva, 29 anos, parabeniza o ex-colega Antônio pelo projeto Imagem: Sergio Dutti/UOL

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

10/02/2015 12h07Atualizada em 10/02/2015 15h28

No começo, o cobrador Antônio da Conceição, 43, oferecia livros aos passageiros que tomavam a linha circular de Sobradinho II- DF dentro de uma caixa de papelão. Isso foi em 2007.

Aquela caixa que começou com a doação de um passageiro soma atualmente 12.000 títulos, que circulam em cinco coletivos e têm espaço nos guichês da empresa Piracicabana na rodoviária no Plano Piloto, em Brasília.

É chegar e pegar: não há controle ou cadastro. O maranhense conta que os usuários costumam devolver os livros e fazer novas doações.

Atualmente, o programa “Cultura no Ônibus” tem painéis para expor os títulos, está institucionalizado na empresa do Distrito Federal, e Conceição se tornou gerente cultural da iniciativa. Até o final de 2016, a intenção é que toda carro da frota conte com um acervo circulante. 

O importante, para Conceição, é que as pessoas cultivem a leitura: "Quem lê, escreve e se expressa melhor".

Contos, crônicas, romances e autoajuda são os preferidos das pessoas, segundo a equipe do projeto. “Nas estantes, temos gibis e revistas que chamam a atenção das crianças”, conta Conceição. "Diversos pais vieram me agradecer por incentivar o hábito da leitura nos filhos."

Ele mesmo adquiriu o hábito pela leitura de pequeno. Gostava de ler os jornais e folhetos que o pai levava para casa como embrulho. Fã do escritor Jorge Amado, ele pretende cursar letras (licenciatura). 

Apoio

A auxiliar de serviços gerais Alvânia de Araújo, 49, utiliza a linha 501.3 Sobradinho II – Rodoviária do Plano diariamente. Nesta semana, ela pegou emprestado o livro "A Vida sempre Vence", de Marcelo Cezar. “Muita gente infelizmente ainda tem preguiça de ler e isso pode ser mudado ao poucos com o projeto”. 

Já a estudante Camila Mateus, 18 anos, nunca utilizou o projeto. O motivo? Nunca tinha percebido o suporte de exposição montado no transporte. “Pelo ônibus estar sempre cheio acabei não percebendo. Agora, vou aproveitar esses 40 minutos de trajeto para ler alguma coisa e passar o tempo. Também vou doar alguns livros que tenho em casa”, diz.

A cobradora do coletivo Dorinha Silva, 29, parabeniza Antônio pelo projeto. “Sou fascinada pela leitura e percebo a cada dia que a Cultura no Ônibus vem enriquecendo o conhecimento de crianças, adultos e idosos. Esse projeto me cativou”. 

Doações

Com a expansão da biblioteca móvel, os coletivos precisam de doações. Quem tiver livros sem uso em casa, pode entregar as obras em guichês ou garagens da empresa, na rodoviária do Plano Piloto ou pelo telefone: (61) 91955023. “Dependendo do lugar, eu mesmo posso ir buscar”, enfatiza o futuro professor.