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"Estão proibindo as mães de estudar", diz aluna da USP sem vaga em creche

Alunas levam filhos pra assistir aulas na USP por falta de vagas em creche: Daniele Santana levou o filho para aula na Faculdade de Educação - Reinaldo Canato/UOL
Alunas levam filhos pra assistir aulas na USP por falta de vagas em creche: Daniele Santana levou o filho para aula na Faculdade de Educação Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Karina Yamamoto

Do UOL, em São Paulo

27/02/2015 13h45

Para a aluna do terceiro ano de filosofia Daniele Santana, 27, a suspensão da abertura de vagas nas creches da USP (Universidade de São Paulo) é mais que um transtorno na vida das alunas que são mães.

"Eles estão proibindo o aluno pobre de ir para a USP", afirma. Sem as creches, as estudantes tendem a abandonar o curso por não terem com quem deixar seus filhos. "Estão proibindo as mulheres de estudar, de estarem qualificadas para o mercado de trabalho. Estão nos proibindo de sonhar!"

Daniele conta que economizou dinheiro para fazer cursinho e conseguir entrar no curso de filosofia em 2007. Na época, era funcionária pública da rede estadual de ensino, trabalhava na área administrativa de uma escola em São Paulo.

Como trabalhava mais de oito horas por dia, a aluna conta que a faculdade ficou em segundo plano. Após o nascimento de Chico, hoje com dois anos, ela pediu exoneração do cargo, mas não conseguiu levar a faculdade adiante. Trancou por dois anos.

"Já usei todo o tempo de trancamento que poderia, 3 anos. TENHO que voltar ou perco a vaga. Não tenho escolha", conta a estudante. "Além da questão financeira, de eu precisar trabalhar e o Chico precisar de um ambiente mais adequado pra idade dele, eu preciso voltar pra graduação ou vou perder tudo o que fiz até hoje."

Na última terça-feira (24), ela e outra colega, Ione Messias, 28, pediram permissão para professora e colegas de sala para assistir à aula com os filhos na Faculdade de Educação. "Consegui interagir um pouquinho, mas perdi as discussões, não ouvi meus colegas. A aula durou metade do periodo e devo ter saído umas 5 vezes", conta a mãe de Chico, de 2 anos. "Foi mais tempo fora que dentro [da sala]."