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A situação está muito complicada, diz professor da Uerj com bolsa atrasada

Hindenburgo Pires é um dos professores da Uerj com bolsa atrasada  - Arquivo pessoal
Hindenburgo Pires é um dos professores da Uerj com bolsa atrasada Imagem: Arquivo pessoal

Maria Luisa de Melo

Do UOL, no Rio de Janeiro

03/03/2015 09h39

Professor do Instituto de Geografia da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) há 24 anos, Hindenburgo Pires é um dos 411 bolsistas que não receberam o valor referente ao Prociência (Programa de Incentivo à Produção Científica, Técnica e Artística) no mês de fevereiro. Desde o ano passado, a instituição passa por grave crise financeira.

Segundo Pires, a bolsa de cerca de R$ 4.000 é destinada a alguns professores que têm produção científica reconhecida e passam por rigoroso processo seletivo. Ainda de acordo com ele, os docentes sofrem ainda com a falta de pagamento das férias, tiradas no período de 10 de fevereiro a 10 de março, e do auxílio alimentação referente aos meses de dezembro e janeiro, que também não foi pago.

"A situação está muito complicada. Não pagaram nossas férias, nem a bolsa (Prociência), e ainda descontaram auxílio alimentação. Muitos procientistas estão preocupados, porque não há previsão para pagamento. Além disso, como também não pagaram os técnicos do Proatec [Programa de Apoio Técnico às Atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão], alguns não estão indo trabalhar. Isso pode comprometer algumas pesquisas", conta ele, que é procientista desde 1997 e cursou pós doutorado na Universidade de Barcelona.

Para pagar suas despesas do mês ele conta que recorreu às economias que mantinha. “Faço minhas contas contando com esse dinheiro do Prociência. É como se fosse um adicional de produtividade. Como não pagaram, tive que tirar dinheiro da caderneta de poupança para fazer meus pagamentos. Tenho conhecidos que não tem como pagar nem a matrícula do colégio dos filhos. E não se tem previsão de receber”.

"As aulas deste ano estão prestes a recomeçar, mas como vamos ter aulas se não pagaram a firma de limpeza e o prédio está imundo? Como vamos ter aulas sem todos os professores necessários? Com falta de professores, muitos institutos vão privilegiar as turmas dos alunos que estão se formando. Mas como vão ficar as turmas dos que estão entrando agora na Universidade? Estamos rumo ao colapso, ao caos...", criticou.

Conforme o UOL noticiou na semana passada, 621 bolsas, referentes ao Proatec e Prociência, não foram pagas em fevereiro. Os dois programas afetados são pagos com recursos repassados pela Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).

Uerj não dá explicações

Procurada, a Uerj não deu explicações sobre o atraso e pediu que o UOL procurasse a Secretaria de Fazenda do RJ.

A pasta, por sua vez, informou que liberou, no último dia 19, "verba para a Uerj cumprir com obrigações junto a estudantes e médicos residentes".  Informou ainda que "a Subsecretaria de Finanças da Secretaria de Fazenda do Rio vem se reunindo com os responsáveis pelas unidades gestoras do Estado para tratar das prioridades de pagamentos de cada unidade que ficaram em restos a pagar e a Faperj está incluída neste processo".

No início do ano, a Uerj já havia atrasado o pagamento de bolsistas, professores temporários e visitantes. Já os funcionários das empresas terceirizadas estão com pagamento de salário irregular desde novembro do ano passado.