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Sem professores, colégio da Uerj não tem previsão para início das aulas

Maria Luisa de Melo

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/03/2015 14h26

Pela quinta vez neste ano, os alunos do Instituto Fernandes Figueira --o Colégio de Aplicação da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)-- tiveram o início das aulas cancelado. Dessa vez, porém, um comunicado surpreendeu pais de alunos ao informar que não há previsão de começo do ano letivo. Faltam professores.

O problema começou ainda no ano passado, quando a Justiça proibiu que a Uerj contratasse professores temporários. Era obrigatória a realização de concursos públicos. Desde então, o Colégio de Aplicação foi uma das unidades mais afetadas por ter cerca de 50% do quadro de docentes formado por temporários.

Todos os contratos de professores substitutos tiveram que ser desfeitos até o início deste ano. Os concursos públicos, no entanto, só foram autorizados pela reitoria no final do ano passado. Com a demora, o ano começou sem que o processo do concurso tenha chegado ao fim.

“Uma comissão formada por pais de alunos esteve na reitoria várias vezes, mas o reitor se negou a autorizar os concursos. Deixou para fazer isso só no final do ano passado, mas já estava muito em cima. Afinal, concurso tem todo um processo. O Cap tem uma defasagem de professores que não pode ser ignorada. Hoje o Colégio de Aplicação não tem nenhuma condição de voltar às aulas sem professores”, critica Valéria Arruda, mãe de um aluno do 7º ano.

Ela conta ainda que a comissão de pais enviou uma carta para o governador e para o secretário de Ciência e Tecnologia no último dia 19 pedindo que o problema seja resolvido. Até hoje não obtiveram resposta.

“Não vamos permitir que esse desmonte de uma escola pública de excelência aconteça. Meu filho não teve professor de português durante quase todo o ano passado. Precisamos reverter essa situação e estamos lutando por melhorias”, completou.

Nova decisão judicial

Este mês, no entanto, um novo desdobramento judicial permitiu que a Uerj voltasse a contratar professores temporários, atendendo a recurso da reitoria da universidade. Mesmo assim, será necessário tempo para realizar processo seletivo.

“Apesar do avanço administrativo decorrente da possibilidade de abertura de processo seletivo para a contratação de professores substitutos (temporários), para a cobertura de sala de aula nas diferentes disciplinas, ainda não temos condições para dar início ao referido ano letivo (...) Apesar da realização de concursos públicos para a unidade, vários deles não tiveram aprovados nem inscritos. Demandando abertura de editais que demandam cronograma oficial longo”, diz trecho de comunicado da direção do colégio.

Outro trecho do documento explicita a falta de previsão para início das aulas: “Embora não tenhamos uma data prevista para o início, nosso empenho e compromisso é de realizar (...) o processo seletivo em âmbito do Cap-Uerj até o dia 6 de abril”.

A situação tem indignado alunos, que vem organizando manifestações no último mês. Ao todo, o colégio atende 1.700 estudantes. "Eu me sinto extremamente mal e preocupado. Os alunos estão tristes por não irem à escola. A situação é de chorar. Não podemos ficar mais tempo sem aulas”, diz Matheus Zanon, presidente do centro acadêmico da instituição e aluno do 2º ano do ensino médio.

O UOL não conseguiu contato com a direção do Cap-Uerj por telefone. Procurada, a reitoria da Uerj não respondeu às solicitações.

Colégio da UFRJ também enfrentou problemas

No início deste ano o Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Cap- UFRJ) também passou por problemas. Foram dois adiamentos até que as aulas - previstas inicialmente para fevereiro - começassem. O atraso foi provocado por falta de limpeza no prédio da unidade de ensino, na Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro. Os auxiliares de serviços gerais da empresa terceirizada Qualitécnica cruzaram os braços por conta de salários atrasados.

Assim, as aulas para o 3º ano começaram com atraso de quase um mês, no dia 26 de fevereiro. Os demais alunos, no entanto, só começaram as aulas no início de março, depois da quitação de débitos com a empresa terceirizada.