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Alunos da Unesp usam roupa de carrasco da Inquisição para receber calouros

Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Izabelle Mundim

Do UOL, em São Paulo

30/03/2015 18h16Atualizada em 09/04/2015 08h58

Calouros de medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Botucatu, foram recebidos em uma festa por veteranos do 6º ano que vestiam fantasias semelhantes às usadas pelos carrascos da Inquisição, relacionados à tortura na Idade Média. Para os estudantes da universidade, porém, eles lembram as roupas usadas pela Ku Klux Klan, seita norte-americana que pregava a supremacia da "raça branca".

O caso aconteceu no dia 5 de março em uma festa chamada de "Batizado da Medicina", organizado por alunos da 48º turma do curso, e foi denunciado pela página "Opressão na Medicina", no Facebook.

Também nas redes sociais, a página "Rede de Proteção às vítimas de violência nas universidades" divulgou nesta segunda-feira algumas fotos da festa. "A KKK é exemplo de ódio, de eugenia, intolerância e morte. O que pensar de médicos que se predispõe a emular coisas que existiram de pior na história da humanidade?", diz a publicação na página.

Em uma nota assinada pelos estudantes da 48ª turma de medicina da Unesp de Botucatu eles afirmam que o evento é realizado anualmente, sendo que o 6° ano vigente é responsável por elaborar uma fantasia de caráter misterioso para a festa. "No caso referente a nossa turma, o tema da fantasia escolhido foi de “Carrasco”, utilizando roupas pretas e máscaras. As fantasias foram utilizadas apenas para a entrada da turma, sendo que foram retiradas logo após a entrada, dando início a confraternização com os calouros no evento", afirmaram os alunos.

Os estudantes se comprometeram a se reunirem com a Diretoria da faculdade de Medicina para prestarem esclarecimentos.

Em nota enviada ao UOL, a Faculdade de Medicina da Unesp Botucatu afirmou que  publicará o mais rapidamente possível uma portaria para instaurar uma Comissão de Apuração Preliminar dos fatos ocorridos.

"A Comissão responsável pela Apuração deverá levantar informações, confrontando sua veracidade, obtendo nomes, datas, horários, fiscalizando a existência de câmeras, fotos e requerendo providências que se façam necessárias e que possam resultar em provas substanciais", diz.

Segundo a Faculdade, se a Comissão concluir que houve infração, será instaurada sindicância que pode acarretar em sanções como  advertência verbal, repreensão, suspensão e desligamento, agindo de acordo com o regimento da universidade.

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre a violação dos direitos humanos em universidades paulistas, instalada pela Assembleia Legislativa, que entregou relatório final no início de março, ouviu depoimentos de estudantes da Unesp que relataram abusos em festas, agressões físicas e assédio sexual.