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Sem o Fies, alunos da PUC-Campinas não sabem como pagar mensalidades

Stefani Caroline da Silva Ribeiro estuda pedagogia na PUC-Campinas. "Para que eu consiga me formar, preciso do Fies", diz - Arquivo pessoal
Stefani Caroline da Silva Ribeiro estuda pedagogia na PUC-Campinas. "Para que eu consiga me formar, preciso do Fies", diz Imagem: Arquivo pessoal

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

21/04/2015 14h36Atualizada em 21/04/2015 15h03

As suspensão dos contratos do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas têm feito com que estudantes sejam obrigados a apertar os cintos ou, em alguns casos, adiar o sonho de fazer uma faculdade.

Entre representantes do primeiro caso está a estudante do primeiro ano de pedagogia Stefani Caroline da Silva Ribeiro, 17, que criticou a suspensão do financiamento estudantil sem aviso prévio. Ela, que escolheu a PUC entre três universidades, afirma que seguiu todos os trâmites para receber o financiamento, mas não foi sequer informada da suspensão.

“Fiz a inscrição, levei todos os documentos e fiquei esperando. Disseram que enviariam um e-mail para fechar o contato, mas não disseram nada". Ainda segundo ela, muitos dos seus colegas já decidiram trancar o curso.

Stefani conta que mora com a mãe e que, por estar desempregada, não tem condições de pagar a mensalidade de R$ 944, valor que ela conseguiu graças a um desconto - o preço da mensalidade era R$ 1.049. "Irei continuar o curso, mesmo porque meu futuro depende disso. É meu sonho trabalhar para educar pessoas. Mas, para que eu consiga me formar, preciso do Fies", conta a estudante, que não conseguiu pagar a mensalidade de abril. "Esse mês ainda não deu, está atrasado. Vamos ver como vou fazer, mas posso dizer que muita gente que entrou esperando conseguir o Fies já trancou o curso", disse.

Danielle Panta, 17, que ingressou neste ano no curso de jornalismo, foi outra que entregou os documentos para fazer o contrato do Fies e não teve retorno. "Fiz a inscrição duas vezes no site, levei os documentos, e a PUC barrou. Eles disseram que não conseguirem fazer o Fies, já que o aumento da universidade foi superior aos 6,4%", conta.

Ela informou ainda que dois de seus colegas de classe trancaram a matrícula e que, se a situação se resolver até o próximo dia 27, não irá continuar no curso. Se isso ocorrer, ela pretende voltar a fazer cursinho para entrar em uma universidade pública. "Não tenho condições de pagar os R$ 1.500 integralmente. Fiquei chocada com o descaso", conta.

Sonho adiado

Thaisa Tricarico Marques, 20, desistiu do curso de engenharia civil na PUC-Campinas por não conseguir concluir a inscrição para o Fies. Ela cancelou a matrícula por medo de não "dar conta" de efetuar os pagamentos.

"Ficamos muito tempo sem informação. Foi horrível, porque era meu sonho fazer a faculdade. Acabou a esperança. Já estamos num período que não tem vestibular para nenhuma faculdade, não tenho muito o que fazer agora. Perdi um ano porque coloquei todas as expectativas na faculdade", disse. A mensalidade e o serviço de transporte - ela mora em Indaiatuba - iriam custar cerca de R$ 2.000.

A PUC-Campinas decidiu suspender os contratos até que se tenha "um cenário mais seguro em relação ao Fies", diz. O programa anunciou novas regras neste ano. Entre elas, uma das mais contestadas pelas instituições particulares é a impossibilidade de aumentar as mensalidades acima do teto de 6,4% - a PUC, por exemplo, anunciou, em 2015, aumento de 9% no valor das mensalidades.