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Idealizador do Paranaprevidência critica mudanças feitas por Richa

 Renato Follador foi o idealizador do Paranaprevidência, motivo da greve dos professores - Fabiana Maranhão/UOL
Renato Follador foi o idealizador do Paranaprevidência, motivo da greve dos professores Imagem: Fabiana Maranhão/UOL

Fabiana Maranhão

Do UOL, em Curitiba

06/05/2015 06h00

O idealizador da Paranaprevidência, fundo previdenciário dos servidores públicos paranaenses, critica as mudanças feitas pelo governo Beto Richa (PSDB) e teme que outros Estados e municípios façam o mesmo.

Pela lei aprovada pelos deputados estaduais e sancionada pelo governador na semana passada, cerca de 33,5 mil aposentados e pensionistas pagos com recursos do caixa do governo passarão a ser custeados pela Paranaprevidência, que recebe dinheiro do Estado e dos servidores. Com isso, o Executivo estadual espera economizar R$ 125 milhões por mês. O fundo previdenciário dos servidores tem atualmente R$ 8,5 bilhões.

"Estão trocando o futuro dos servidores pelo presente do governo; trocando ter sempre dinheiro [para pagar aposentados e pensionistas] para ter dinheiro por um tempo", afirma Renato Follador ao UOL.

Engenheiro civil e administrador de empresas que atua há mais de 25 anos na área de previdência, Follador propôs a criação do fundo em 1998, durante o primeiro mandato do governador Jaime Lerner.

"Imagine que você tenha um bolo que seja suficiente para matar a fome de todos aqueles que estavam no fundo de previdência. Entram 33 mil novos convidados, que vão comer desse mesmo bolo. [Após a mudança na legislação] O dinheiro depositado para pagar as aposentadorias e pensões do grupo previdenciário até a morte de todos eles, inclusive dos futuros concursados, agora tem um período de existência de 29, 30 anos", detalha.

O ministério da Previdência Social vai avaliar as alterações feitas no fundo previdenciário pelo governo do Estado. Follador teme que, caso a pasta considere constitucional, outros Estados e municípios façam o mesmo.

"A Paranaprevidência foi criada como instrumento de equilíbrio financeiro e econômico para o Estado, que foi pioneiro em 1998 e copiado Brasil afora. O Estado deu o bom exemplo lá atrás e agora está dando o mau exemplo", diz.

Na avaliação de Follador, a proposta do governo seria aceitável e menos "capenga" se fosse criada uma previdência complementar. "Seria melhor se ela viesse acompanhada da criação imediata da previdência complementar.  Se o dinheiro [do fundo] vai acabar em 30 anos e o próximo concursado do Paraná vai trabalhar 25, 30 anos, quando ele fosse se aposentar, a maior parte da sua aposentadoria sairia da previdência complementar", fala.

As alterações são o motivo da recente greve dos professores da rede estadual. Na última quarta-feira (29), a Polícia Militar reprimiu, com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, manifestação da categoria, deixando saldo de mais de 200 feridos.