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Alunos de universidade de Minas Gerais fazem campanha contra o racismo

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

07/05/2015 17h04

Alunos da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), situada em Juiz de Fora (278 km de Belo Horizonte), aderiram a uma campanha contra o racismo e passaram a compartilhar fotos, nas redes sociais, de estudantes segurando cartazes com frases que dizem ouvir no ambiente acadêmico e também fora dele.

As fotos foram postadas no Tumblr e o movimento foi denominado de #AhBrancoDaUmTempo.

Conforme uma das organizadoras, o intuito do movimento é fazer com que as pessoas entendam como sendo injúria racial comentários velados e aparentemente “inocentes” sobre a cor da pele ou sobre o cabelo de pessoas negras.

“Essa coisas corriqueiras acontecem, sim. É tão rápido e feito de uma maneira dita natural que as pessoas nem se dão conta de que é racismo. Esse movimento é importante porque as pessoas acabam reproduzindo [os comentários] sem saber que é racismo. E quem está passa por isso, às vezes, nem se dá conta. É uma coisa que a gente escuta bastante dentro do ambiente acadêmico”, afirmou Mariana Martins, 23, matriculada no curso de artes e design da universidade.

Segundo a estudante, o movimento teve início na Universidade de Harvard (EUA). A ideia dos estudantes mineiros surgiu após a iniciativa ter sido reproduzida por alunos da Universidade de Brasília (UnB).

“Pessoas que passavam no momento em que a gente fazia as fotos, e que não tinham muita ligação com a universidade, também se interessara pelo projeto e quiseram tirar as fotos. Daí você percebe que o racismo está em todos os lugares’, disse Mariana.

Os participantes do movimento prepararam uma manifestação, nas dependências da universidade, para ser feita no próximo dia 13 de maio, dia no qual é celebrada a sanção da Lei Áurea (que aboliu oficialmente a escravidão no Brasil).

Apoio

Em nota enviada ao UOL, a Universidade Federal de Juiz de Fora informou ter apoiado a iniciativa dos estudantes “que traz visibilidade a amplia as discussões acerca do racismo em toda a sociedade”.

Por outro lado, revelou ainda desenvolver “politicas de ações afirmativas e inclusão, que têm como objetivo garantir direitos a grupos sociais que foram alijados dos processos de desenvolvimento social, educacional, cultural, político e econômico do país”.

Como exemplos, a nota cita a criação da Diretoria de Ações Afirmativas, com objetivo, segundo o documento, de “articular os diferentes órgãos da instituição de ensino para que adotem estratégias no combate ao racismo”.

Em outra frente, a direção da universidade revelou ter feito revisão da grade curricular para incluir matérias sobre a cultura afro-brasileira e africana e indígena e possui cursos de pós-graduação voltados para o tema.

Além disso, declarou manter o Neab (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros), que “promove sistematicamente um diálogo contínuo e participativo dos diversos segmentos do movimento negro da cidade com docentes, discentes, pesquisadores e servidores de departamentos e unidades acadêmicas da UFJF”.