Escola em que aluna de 12 anos foi estuprada é notícia desde anos 70

André Carvalho

Do UOL, em São Paulo

A E.E. Leonor Quadros voltou ao noticiário há exato um mês, no dia 12 de maio, por conta de um caso de estupro de uma aluna de 12 anos no banheiro da escola. Após uma busca nos arquivos do jornal Folha de S. Paulo, pertencente ao Grupo Folha, assim como o UOL, a reportagem encontrou outras histórias de crime e violência ocorridas na escola desde os anos 1970.

Os casos mais emblemáticos são o de um aluno que morreu com um tiro na testa, disparado dentro da sala de aula, em 1996, e este de 2015, da menina que foi vítima de violência sexual, cujas investigações estão em andamento.

Como os especialistas costumam dizer, a violência dentro de uma escola costuma ser o reflexo das relações que alunos e professores trazem do seu cotidiano. E, por isso, o papel do Estado é essencial na mediação desses conflitos. Além disso, é obrigação do Estado garantir a segurança dos alunos dentro da escola.

Localizada na zona sul da capital paulista, no Jardim Miriam, a E.E Leonor Quadros tem 1924 alunos e 93 funcionários. O bairro pertence à Subprefeitura de Cidade Ademar que, segundo dados tabulados pela Rede Nossa São Paulo, teve taxa de 1,36 mortes a cada 10 mil habitantes em 2013. Para se ter uma ideia, Pinheiros teve o menor índice com 0, 3 mortes e Parelheiros, o pior desempenho com 2,84 óbitos.

Um professor na escola desde 1994, que prefere não se identificar, comenta que o local "parece presídio" por causa das grades instaladas na intenção de conter roubos. Para ele, as barras de ferro servem, no entanto, "mais para segurar os alunos".

Segundo ele, o clima é de abandono: na ocasião do estupro, a escola encontrava-se com a quadra de esportes deteriorada, pátios escuros e mato alto na parte externa do estabelecimento. O consumo de drogas, afirma, é frequente no local, principalmente no período noturno.

Estudante da E.E. Leonor Quadros entre os anos de 1973 e 1980, o designer gráfico Hudson Cruz, 50, vivenciou todas as situações relatadas em manchetes de jornais nos anos 1970. Além das condições precárias do prédio, as invasões das dependências da escola por homens que vinham mexer com as alunas e brigas eram constantes.

Para ele, o quadro se agravou nessas quatro décadas: "Hoje esses problemas foram elevados à potência, adicionando-se drogas, impunidade, desvalorização e total desrespeito à autoridade do professor".

Outro lado

Procurada pela reportagem do UOL, a direção da E.E. Leonor Quadros não quis se pronunciar. A Secretaria de Estado da Educação, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que a escola "conta com a parceria da Ronda Escolar, pais e comunidade para identificar vulnerabilidades e traçar estratégias preventivas".

A nota ressalta, também, que "a escola passa por manutenções constantes e nos últimos anos recebeu cerca de R$ 200 mil para a realização desses serviços.  Com relação ao caso de estupro da adolescente de 12 anos, a pasta informou que "está em andamento uma apuração interna sobre o caso e a direção da escola e diretoria de ensino seguem colaborando com a investigação policial".

Já a Secretaria de Estado de Segurança Pública de São Paulo, questionada sobre as medidas tomadas para garantir a segurança dos alunos, afirmou que "os homicídios dolosos caíram 88,8% nos quatro primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2001" e "a produtividade policial também cresceu durante os anos, com aumento de mais de 150% no número de pessoas presas - em 2001, foram 127 no primeiro quadrimestre contra 343 neste ano".

Receba notícias pelo Facebook Messenger

Quer receber as principais notícias do dia de graça pelo Facebook Messenger? Clique aqui e siga as instruções.

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos