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Grevistas de 5 universidades federais decidem boicotar Sisu

Douglas Couto

Do UOL*, em Ouro Preto

17/06/2015 18h46

Em greve há 17 dias, servidores técnico-administrativos da Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto), na região central de Minas Gerais, decidiram pela suspensão das matrícula dos aprovados do segundo semestre do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). A medida segue orientação do CNG (Comando Nacional de Greve) da Fasubra para pressionar o Ministério da Educação a negociar com a categoria.

As inscrições do Sisu, meio pelo quais instituições públicas de ensino superior oferecem vagas a candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), estão programadas para os dias 19, 22 e 23 de junho.

Em Ouro Preto, a decisão dos servidores em greve deverá afetar 1.384 aprovados na primeira chamada. O comando local de greve se reuniu nesta quarta-feira (17) com representantes da universidade para comunicar a suspensão.

“Vamos impedir que as matrículas sejam feitas nesse momento, o que não significa que os alunos perderão suas vagas. Eles terão que aguardar o desenrolar da nossa greve. Esperamos que o governo negocie logo com a categoria e apresente uma contraproposta às reivindicações encaminhadas”, disse a presidente do Sindicato Assufop, Luiza de Marillac dos Reis.

Reitoria ocupada

Um grupo de alunos da Universidade Federal de Ouro Preto mantém acampados na sede reitoria da Ufop há uma semana. O grupo com cerca de 70 integrantes reclama dos cortes de verbas destinadas à educação pelo governo federal. A ocupação do movimento chamado de “Ocupa Ufop” começou na terça-feira (09).

Dentre as reivindicações do grupo consta: o pedido de auditoria das contas da Ufop, criação de comissão de revisão da Resolução CUNI que regulamenta os eventos nos campi, contra os cortes na assistência estudantil, nas bolsas de pesquisas, extensão e monitoria, aumento das bolsas permanência e melhoria da segurança nos campi.

Em nota, a Ufop diz esperar que os estudantes entrem em acordo com a administração. A comissão de negociação da reitoria se reuniu com o grupo no dia 15 de junho para discutir o documento “Dossiê de Negociação” ficou de apresentar uma resposta sobre as possibilidades e barreiras de atendimento de cada item do dossiê nesta quinta-feira (18). “Após esta discussão será elaborada uma carta de compromisso para ser, finalmente, assinada entre as partes. A administração confia que o movimento perceberá o enorme esforço que está sendo feito para atender as expectativas do movimento de maneira transparente, ágil, democrática e realista”, diz a nota.

Outras universidades

Além da Ufop, outras universidades também não farão as matrículas do Sisu, dentre elas a UFMG (Federal Gerais de Minas), que poderá afetar 2.717 aprovados na primeira chamada. Na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a decisão do Sintufrj (Sindicato dos Trabalhadores em Educação) afeta 3.731 estudantes. A medida também foi anunciada na Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e na UFF (Federal Fluminense).

A greve dos técnicos administrativos deflagrada em 28 de maio afeta 65 instituições federais. A categoria reivindica reajuste de 27,3% no piso salarial. Também é contrária aos cortes nos orçamentos das universidades e à expansão da terceirização no serviço público.

Na UFRJ, a decisão do Sintufrj (Sindicato dos Trabalhadores em Educação) afeta 3.731 estudantes. Na UniRio, os servidores em greve decidiram não emitir a lista de aprovados para a primeira chamada do Sisu. Como os professores não aderiram à paralisação, eles podem tentar fazer a matrícula, mas terão de se basear em uma lista do MEC (Ministério da Educação) que, segundo os técnicos, identifica os alunos apenas com dados básicos e há risco de fraude.
 
*Com informações da Agência Estado