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Alunos da rede pública recebem medalha de ouro em matemática

Agência Brasil
Imagem: Agência Brasil

Cristina Indio do Brasil

Da Agência Brasil, no Rio de Janeiro

21/07/2015 10h17

O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, disse ontem (20) que quanto mais o Brasil for um país justo e proporcionar oportunidades, mais livres serão os jovens para escolher seus caminhos profissionais, pessoais e de inteligência. Janine se dirigia aos alunos premiados na edição de 2014 da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), na cerimônia de entrega das medalhas no Theatro Municipal, no centro do Rio de Janeiro. “O mundo que se abre diante de vocês não é trivial. É um belo e grande mundo”, apontou.

Para o ministro, o desempenho dos estudantes favorece o crescimento do país. “Se eu posso sugerir uma coisa, orgulhem-se muito da história de vida que vocês já têm e pensem na história de vida que vocês vão construir com muito carinho, muita ambição, porque todos merecem.”

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, que também participou da cerimônia, elogiou o empenho dos estudantes premiados, que tiveram de enfrentar dificuldades, por morarem em regiões com pouca estrutura e, ainda assim, conseguiram conquistar medalhas. Para ele, também é preciso lembrar que o Brasil tem lugares, como comunidades indígenas, onde a população não tem conhecimento da matemática. “É preciso que no nosso esforço de promover o ensino de matemática tenha a decisão de retirar da exclusão lamentável parte de nossa população que não sabe nem contar”, analisou.

Mais de 18 milhões de estudantes, de 99,41% dos municípios do país, disputaram as premiações. Do total, 501 conquistaram medalha de ouro, 1,5 mil de prata e 4,5 mil de bronze. Quando a competição começou, em 2005, eram cerca de 10 milhões de estudantes. Na avaliação do coordenador-geral da Obmep e diretor adjunto do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Cláudio Landim, a olimpíada é um projeto com grande impacto na qualidade do ensino da matemática. “Essa é uma grande contribuição, mostrando que a olimpíada é muito mais do que uma prova. Pode ser instrumento eficaz de mobilidade social no país”, comentou.

Landim destacou que, além de participar da competição, os alunos que conquistam medalha de ouro podem passar por uma seleção e garantir bolsa para estudar em uma universidade do país, concedida pelo Instituto Tim, no valor de R$ 1,2 mil. A oportunidade pode se estender também para o exterior. “A primeira seleção foi feita este ano, e uma aluna escreveu dizendo que foi admitida para a Universidade de Helsinque [Finlândia], e gostaria de saber se pode continuar com a bolsa para prosseguir seus estudos. Isso mostra a qualidade da seleção que foi feita”, explicou.

As trigêmeas Fábia, Fabíola e Fabiele Loterio, de 15 anos, estão no 1º ano do ensino médio e estudam na Escola Estadual Alice Holzmeister, na zona rural da cidade de Santa Leopoldina, no Espírito Santo. As jovens conquistaram medalha de ouro na olimpíada de 2014. Para as três, o estudo de matemática ficou muito mais fácil e agradável depois que começaram a participar da olimpíada, em 2011.

Fabíola e Fabiele ainda não se decidiram sobre o curso que vão fazer na universidade, apesar de saberem que será algum na área de ciências exatas, mas Fábia não tem dúvida. “Eu quero fazer matemática”, contou.

Fábia disse que participar da olimpíada abre portas e mostra como o estudo pode mudar a vida do estudante. “Passei a gostar muito mais de matemática. Sempre gostei, mas depois da Obmep [o interesse] foi muito maior", disse, revelando que estava emocionada em receber o prêmio.

Para Fabiele, a forma como a matéria é apresentada é que conquista o aluno. “Usa também mais lógica e força a pensar. Não é como na escola. É diferente.”

Todos os medalhistas de ouro têm direito de participar do Programa de Iniciação Científica (PIC), no qual durante um ano têm aulas de matemática aos sábados em universidades públicas do país. Eles recebem bolsas de R$ 100 por mês em recursos liberados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O ministro Aldo Rebelo informou que não haverá cortes neste investimento. “Tudo que há de compromisso já firmado pelo CNPq será mantido, inclusive as bolsas de iniciação científica.”