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Pai de aluna de medicina faz greve de fome e anda 86 km em protesto por Fies

4.ago.2015 - Produtor rural Francisco Cândido Neto, 52, levou cruz até Brasília para conseguir Fies para filha - Jéssica Nascimento/UOL
4.ago.2015 - Produtor rural Francisco Cândido Neto, 52, levou cruz até Brasília para conseguir Fies para filha Imagem: Jéssica Nascimento/UOL

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

05/08/2015 23h39

Na terça-feira (4), o produtor rural Francisco Cândido Neto, 52, segurava uma cruz de cerca de quatro quilos em frente ao Palácio do Planalto. Francisco fazia um protesto para que a presidente Dilma Rousseff liberasse mais vagas para o Fies (programa de crédito estudantil). Sua filha Bruna Larissa Vitti Cândido, 21, precisa de programa para continuar o curso de medicina.

O agricultor conta que caminhou os 86 quilômetros entre Alexânia (GO) e Brasília em busca do sonho da filha. Por todo o trajeto, carregou a cruz que tem uma foto da presidente e uma placa escrita ‘FIES’. 

Por quatro dias, Francisco ficou na porta do Planalto em greve de fome. Ele pretendia falar com a presidente. “Não vou sair daqui até darem uma chance de estudo para minha filha. Só porque somos pobres não podemos sonhar?”. No entanto, nesta quarta (5), o agricultor foi hospitalizado.

A estudante Bruna Larissa está no terceiro semestre de medicina na faculdade particular Imepac que fica localizada em Araguari (MG). A mensalidade, segundo ele, custa R$ 5 mil. Como a família não tem condições de arcar com o custo, a dívida já está acumulada em R$ 50 mil. “Trabalho em uma horta junto com a minha esposa e  meu filho de 14 anos”, disse Francisco.

Faculdade não abrirá vagas pelo financiamento

Bruna diz que tenta se cadastrar no Fies desde o segundo semestre de 2014, quando entrou na faculdade. “Tento o financiamento no site todos os dias. A Imepac me informou que as vagas pelo Fies não estão sendo abertas devido à falta de recursos do FNDE [Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação]”. Para tentar solucionar o problema, a faculdade ofereceu para Bruna o trancamento da matrícula para que a jovem não perca a vaga.

“Até o momento só conseguimos pagar a matrícula e a rematrícula. A única alternativa da faculdade é que eu fique no mínimo seis meses sem estudar e isso me prejudicaria muito, pois perderia o ritmo das matérias”, lamenta a estudante.

Já o FNDE ressalta que, no segundo semestre de 2015, apenas quatro vagas pelo financiamento foram disponibilizadas para a Imepac, nenhuma delas no curso de medicina. Ainda segundo o órgão, não há como abrir uma exceção para a estudante, pois, todas as vagas são disponibilizadas através de um sistema.

Pai faz greve de fome e anda 86 km em protesto por Fies para filha