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Crase é principal dúvida de português em serviço por telefone do PR

Valentina Nedbajluk, professora de português e consultora do Telegramática - Divulgação
Valentina Nedbajluk, professora de português e consultora do Telegramática Imagem: Divulgação

Vinicius Boreki

Do UOL, em Curitiba

12/08/2015 20h57

“Com direito a algodão-doce” não tem crase, não é? Não, não tem. A confirmação é de Valentina Nedbajluk, professora de português e consultora do Telegramática há nove anos.

A crase é uma das dúvidas mais comuns recebidas pelo serviço que tira dúvidas de português dos cidadãos curitibanos por telefone (se você também tem dúvidas, pode espiar esse texto aqui sobre o assunto). Outro assunto que costuma gerar telefonemas ao serviço que existe há 30 anos é o uso da vírgula (se quiser testar seus conhecimentos, veja esse quiz do UOL: Ei, você! Sabe usar a vírgula?). 

Mas há questionamentos de todo tipo: ortografia (a maneira correta de escrever as palavras) é a campeã de perguntas, seguida da sintaxe (com questionamentos de concordância nominal, por exemplo).

Curiosidade

“Acabei de atender uma pessoa que me perguntou se existe a palavra ‘cantautor’: o cantor e autor ao mesmo tempo”, conta Valentina. "Nosso trabalho é interessante, porque damos aula e aprendemos ao mesmo tempo."

É difícil imaginar um serviço quase estritamente realizado por telefone recebendo mais de cem ligações por dia na era da internet e das mídias sociais – em três décadas, foram aproximadamente 1,4 milhão de atendimentos.

Uma pessoa viveu de perto as mudanças do Telegramática: o consultor José Francisco Coelho, que está há 27 anos na função. “Nesse tempo, a percepção que os professores têm a respeito da língua foi uma das maiores transformações. Abandonamos a preocupação excessiva com a gramática para ver a língua de uma forma mais aberta”, opina.

A internet e o avanço da tecnologia, em sua opinião, tornaram as pessoas menos preocupadas com a língua em função da existência dos corretores ortográficos. Coelho alerta para que o usuário não confie cegamente nas adequações feitas pela ferramenta.

“Recebemos ligações com frequência de pessoas falando que o corretor indicou o uso da crase ou de uma vírgula de forma equivocada. Quando ocorre a inversão da frase, dificilmente ele consegue avaliar da forma correta”, esclarece Coelho.

Miniaulas

“Nossa rotina consiste em miniaulas. E elas são ministradas no momento no qual as pessoas precisam, seja para usar a língua formal ou se certificar se a informalidade cabe naquele contexto”, explica a professora Valentina. Ao todo, oito consultores se revezam das 8 às 12h e das 14 às 18h para responder a população de Curitiba.

Os profissionais do Telegramática identificam três tipos de pessoas que procuram pelo serviço: usuários que estão realizando trabalhos ou apresentações e precisam sanar dúvidas imediatas, concurseiros ou vestibulandos, que estão estudando e querem entender os motivos por trás das respostas, dúvidas que fogem desse padrão e entram em um rol de curiosidades. 

Oferecido pela prefeitura de Curitiba há três décadas, o Telegramática realizou 30.571 de cerca de 11 mil pessoas até o dia 31 de julho de 2015.

Contato

O Telegramática tem o telefone como sua principal fonte de dúvidas, mas é possível também perguntar por e-mail. É um dos canais usados pelo serviço, embora a prioridade seja solucionar os problemas apresentados via telefone. Até 31 de julho deste ano, foram sanadas quase 850 dúvidas por e-mail, que pode ser encontrado no site Cidade do Conhecimento. Em média, as respostas costumam levar cerca de 24 horas. Mas, se você não puder aguardar um dia, não hesite em ligar para o (41) 3218-2425.