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Professora é agredida por aluna dentro de escola em Parobé, no RS

Professora Luciana após a agressão - Arquivo pessoal
Professora Luciana após a agressão Imagem: Arquivo pessoal

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

19/08/2015 09h44

O que era para ser uma atividade de integração entre professores, alunos e pais terminou em agressão a uma docente em uma escola municipal do interior do Rio Grande do Sul. No último sábado (15), a professora de biologia Luciana Fernandes, de 23 anos, foi agredida por uma estudante de 15 anos e seus familiares durante uma festa junina na Escola Municipal Padre Afonso Kist, na cidade de Parobé (78 km de Porto Alegre). O motivo teria sido a implicância da adolescente com a professora. O caso foi parar na polícia.

O estopim para a agressão foi o pedido de Luciana para que a jovem esperasse seu retorno para o fim de uma brincadeira. “Fiquei responsável pela cadeia, brincadeira típica de festas juninas. O valor da 'fiança' era de 50 centavos. Um menino pagou a fiança dele e da aluna. Ela queria sair. Então pedi para ela esperar enquanto eu buscava o troco. Foi quando ela tentou me agredir”, conta a professora. Outros docentes e alunos tentaram impedir o ataque.

Incomodada, Luciana foi até a sala dos professores procurar a diretora da escola, mas foi surpreendida pela aluna e suas duas irmãs maiores de idade – uma delas grávida. “Como ela não conseguiu me agredir na primeira vez, chamou o reforço dos familiares. Os pais e os cônjuges ficaram olhando e não fizeram nada para impedir”, lembra, ainda com as marcas de socos, chutes e tapas que recebeu.

Luciana está afastada das salas de aula e está abrigada na casa do noivo, em outra cidade, pois tem receio de represálias. “Estou machucada, tomando remédio para dormir. Estou com medo e tento não sair sozinha”, admite. Assustada, ela foi à delegacia registrar um boletim de ocorrência. Conforme o resultado do exame de corpo de delito, as envolvidas podem ser indiciadas por lesão corporal.

Professora de biologia Luciana Fernandes agredida por aluna dentro de escola em Parobé, no RS - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Uma das marcas da agressão
Imagem: Arquivo pessoal

Segundo a professora, o ataque era iminente. “Estava para acontecer a qualquer momento. Na localidade em que fica a escola é normal o comportamento violento dos alunos com os colegas e professores. Casualmente foi eu, mas poderia ser qualquer outro colega”, lamenta. “Essa aluna não pode ser contrariada. Ela sempre apresentou um comportamento agressivo. Uma vez neguei a ela uma saída ao banheiro. Ela veio e esbarrou em mim de propósito”, relembra.

A professora é concursada da rede municipal de Parobé. Para dar aula na Padre Afonso Kist, ela viaja quatro vezes por semana. É cerca de uma hora de carro, desde o município de Santo Antônio da Patrulha, onde mora. Uma distância de mais de 50 quilômetros.

De acordo com a direção da escola, a aluna foi transferida de instituição de ensino. “Tomamos todas as medidas cabíveis. Não tem mais clima para a aluna continuar nesta escola. A secretaria de educação vai apoiá-la. Já a professora está muito fragilizada. Imagina uma professora jovem, recém-formada, passar por isso? É muito difícil”, explicou a diretora da escola, Maria Cleni Sarmento. O Conselho Tutelar e a secretaria da educação prometeram acompanhar a adolescente de perto.

“As leis hoje em dia beneficiam muito o aluno. Fui agredida, não reagi e a menina vai ser levada para outra escola e receberá acompanhamento psicológico. Mais nada. Se tivesse sido ao contrário, eu já estava exonerada e com mil processos contra mim”, reclama Luciana.

Apesar do medo, o desejo de ensinar é maior. A professora deve mudar de escola e regressar assim que o atestado médico expirar. “Não sei ainda quanto tempo terei que ficar afastada. Mas pretendo voltar o mais breve possível para não deixar meus alunos na mão.”