Unesp investiga pichações homofóbicas e racistas em campus em Ourinhos
A direção da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) irá apurar pichações racistas e homofóbicas encontradas no banheiro masculino do campus de Ourinhos. No local, foram escritas frases como "pretos fedidos" e "viados escrotos". As inscrições foram fotografadas, inseridas no inquérito que apura o caso e apagadas.
As pichações foram encontradas na noite de quinta-feira (27), data em que ocorreu a primeira reunião do coletivo negro do campus.
Para Dandara Tierra, estudante do 4º ano de geografia, as pichações podem indicar que a atuação do coletivo está incomodando as estruturas da universidade. "Nós, pretos, vamos ocupar a universidade pública e, cada vez mais, escurecer esse ambiente elitista e fascista. Nós, pretos, vamos incomodar. Nossa trincheira está armada faz tempo. Herdeiros de Zumbi, somos guerreiros", disse a integrante do grupo.
Ela destaca que o campus é pequeno e o único curso oferecido no campus, geografia, forma educadores. "O que mais me entristece é que um ser que faz isso vai reproduzir esse racismo na sala de aula".
Procurado, o Nupe (Núcleo Negro Unesp para a Pesquisa e Extensão) informou que "repudia as manifestações racistas registradas em Ourinhos, poucos dias depois das registradas em Bauru".
"Apesar dos esforços empreendidos por docentes, discentes e funcionárias/funcionários, a intolerância insiste em mostrar sua marca de atraso, ignorância e estupidez. Somos solidários e colocamo-nos ao lado da comunidade de Ourinhos, para coibir essa prática danosa que fere a nossa universidade", disse a instituição, em nota.
Unesp investiga a caso
Em nota, a reitoria da Unesp disse que "repudia as pichações racistas e homofóbicas feitas na unidade de Ourinhos e que se trata de um ato contra o estado democrático de direito, à população afrodescendente e à política de inclusão adotada pela Unesp".
Segundo a reitoria, os próximos passos incluem o "levantamento de informações e obtenção de nomes, datas e horários que possam resultar em provas substanciais de comprovação de responsabilidades da infração ao Regimento Geral da Unesp, o que pode levar às sanções previstas no artigo 162, que vão da advertência verbal ao desligamento dos responsáveis da instituição".
Em Bauru
Esse não é o primeiro caso envolvendo pichação de frases de cunho racista em banheiros da Unesp. No final de julho, inscrições semelhantes foram encontradas em banheiros da universidade no campus de Bauru. O caso também vem sendo apurado por comissão de averiguação.
O mesmo campus foi alvo, 11 dias depois da ocorrência, de novas manifestações racistas, sendo que uma suástica foi desenhada sobre cartazes que manifestavam repúdio à ação racista anterior. Nos dois casos, a Unesp informou que repudia as pichações racistas e que apura o caso em uma sindicância interna. A Polícia Civil de Bauru também abriu inquérito para apurar as ocorrências.
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