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Por conta da greve, alunos da UFG entram na Justiça para colar grau

Após entrarem na Justiça, alunos colam grau na data combinada anteriormente - Arquivo Pessoal
Após entrarem na Justiça, alunos colam grau na data combinada anteriormente Imagem: Arquivo Pessoal

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

15/09/2015 21h28

Estudantes de diversos cursos da UFG (Universidade Federal de Goiás) tiveram que entrar na justiça para conseguirem colar grau. Todas as cerimônias foram canceladas devido à greve dos servidores técnico-administrativos e professores, que já estão paralisados há três meses e 46 dias, respectivamente. Turmas de engenharia civil, farmácia, agronomia, veterinária e nutrição foram prejudicadas.

O recém-formado em engenharia civil Lucas Magalhães, 22, explica que os técnicos entraram em greve no final de maio e a data das colações saiu no início de junho. “Desde o início perguntamos se a greve afetaria a nossa cerimônia, mas segundo a UFG, não atrapalharia em nada”. A turma de engenharia alugou, então, espaço para o baile, contratou buffet e também bandas.

“Faltando apenas três semanas, a UFG soltou uma nota dizendo que as colações estavam simplesmente canceladas. Percebemos que entrando na Justiça seria a única forma de colarmos grau na data que tinha sido combinada antes”. Segundo o jovem, os alunos não optaram por levar o problema ao judiciário devido ao diploma e sim pela cerimônia. “Todas as outras solenidades estavam todas fechadas, convites feitos, parentes com passagem marcadas”.

Guilherme Dall'Agnol, 23, também estudante de engenharia civil conta que cada formando estava gastando aproximadamente R$ 10 mil com as solenidades. “Com o cancelamento da colação, o prejuízo seria enorme”, enfatiza. Indignado com a situação, Guilherme entrou em contato com uma advogada e viu que ela cobraria R$3 mil da turma para entrar com uma ação contra a universidade.

“Nós éramos 36 formandos, resolvemos dividir em R$ 100 para cada aluno, quantia para cobrir tais gastos.” Segundo ele, quase todos os formandos aderiram à “vaquinha”, principalmente os alunos que estavam pagando pelo baile. “Entramos na Justiça no dia 12 de agosto e, diante da tramitação judicial, no dia 24 de agosto o juiz deu uma liminar favorável para que nossa colação de grau ocorresse na data combinada anteriormente pela faculdade, no dia 28 de agosto às 20h.”

Os estudantes também comentaram sobre a frustração e tristeza com que receberam a notícia do cancelamento da cerimônia. Lucas diz que ficou sem reação e bastante desapontado, pois já havia entregado todos os convites para amigos e familiares. “O curso de engenharia na UFG é pesado, entramos com uma concorrência de mais de 40 por vaga e foram sofridos cinco anos para se formar. Esperávamos fechar com chave de ouro e passamos por esse transtorno, mas ainda bem que tudo deu certo e hoje já estamos registrados no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia)”, diz Guilherme.

A advogada da turma de engenharia, Vanessa Domingos da Silva, alegou ao Tribunal Regional Federal Da Primeira Região que somente houve a suspensão das colações das formaturas no campus de Goiânia, visto que, mesmo durante a greve, em Jataí e Catalão estão ocorrendo normalmente. “A colação de grau é serviço da faculdade essencial. O cancelamento gerou grande prejuízo aos estudantes. A atitude foi arbitrária”.

Já no curso de nutrição, a turma optou por entrar individualmente na justiça para conseguir uma colação de grau especial, sem a cerimônia, apenas com a entrega de um certificado. “Até agora, apenas cinco pessoas de uma turma de 17 alunos conseguiram. As que não têm condições financeiras de contratar um advogado estão esperando acabar a greve”, explica Isabela Guimarães dos Santos, 23.

A jovem entrou na Justiça e conseguiu a liberação para uma cerimônia simples onde fez um juramento e recebeu o canudo, sem a beca. “Sem esse termo de colação de grau não conseguiria me registrar no Conselho Regional de Nutricionistas e assim, ficaria sem poder exercer a minha profissão”.

A Universidade Federal de Goiás informou que aguarda o fim da greve para reorganizar novas datas das cerimônias.