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Oficina sobre masturbação feminina acaba em confusão na UFMG

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

02/10/2015 13h46

Uma oficina voltada para a discussão da masturbação e da sexualidade feminina resultou em uma confusão entre alunos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no campus da Pampulha, em Belo Horizonte.

Segundo a Polícia Militar, duas estudantes disseram que foram agredidas por um estudante de medicina nesta quinta-feira (1º) durante a oficina. Já o homem negou a versão apresentada por elas e afirmou ter sido ele a vítima de agressões feitas por elas. As identidades dos envolvidos não foram divulgadas.

O debate fazia parte de atividade de evento intitulado “1º Bota a Cara no Sol” que, segundo os organizadores, foi promovido para discutir questões sobre a diversidade sexual e de gêneros. O encontro foi iniciado na quarta-feira (30) e se encerra nesta sexta-feira (2).

Conforme o coletivo LGBT Arara, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), o acusado forçou a entrada no local onde estava acontecendo a oficina, no Centro de Atividades Didáticas, e teria passado a filmar, com o uso de um celular, o debate que era realizado. Conforme uma fonte que não quis ser identificada, ele fez comentários durante a gravação sobre o que classificou de “ditadura comunista feminista”.

Ainda conforme texto publicado na página do coletivo no Facebook, ao ser confrontado pelas participantes, o homem se recusou a apagar a filmagem, com registrado do rosto delas, e a sair do local. Ele ainda foi acusado de ter xingado as pessoas que estavam no recinto e agredido ao menos duas estudantes. 

Em seguida, de acordo com informações do coletivo, ele saiu correndo do local e se escondeu em outra sala. Ele teria repassado a gravação do vídeo a um grupo no aplicativo Whatsapp. A segurança da universidade e a Polícia Militar foram acionadas e, segundo o coletivo, o homem saiu escoltado do local.

De acordo com o boletim de ocorrência da PM, o estudante negou a versão e contou os policiais que foi ao local após a informação de que poderia ter acesso ao evento. Ao chegar à porta do local, ele disse ter sido alertado que o ato era somente para mulheres. Ele alegou ter iniciado as filmagens para somente registrar a proibição de entrar na sala.

Segundo sua versão, ao perceberem a filmagem, duas participantes saíram da sala e tentaram tomar o aparelho dele. Ele disse ter sido vítima de enforcamento pelas mulheres, que ainda tentaram torcer o seu braço.

Em seguida, ele contou que se desvencilhou dos ataques se escondeu em uma sala até a chegada dos seguranças. Ele afirmou ainda ter repassado o material para dois colegas como forma de assegurar o registro das imagens das supostas agressões que teria sofrido. Ele disse ainda que muitas participantes da oficina cercaram a porta de onde estava e passaram a lhe ameaçar.

Segundo a PM, os envolvidos foram levados para a sede do Juizado Especial Criminal Central, na avenida Teresa Cristina, na região noroeste da capital mineira. 

O UOL tentou falar com algum integrante do coletivo, mas não obteve resposta. A assessoria de imprensa da universidade foi procurada, mas ainda não se posicionou sobre o assunto.