Por ser gago, menino é arrastado por colegas sobre cascalho em SP
A mãe de um aluno de uma escola municipal de Ribeirão Preto registrou um boletim de ocorrência acusando a diretoria da escola de omissão depois que o filho de 8 anos foi arrastado, sobre cascalhos, por colegas de escola. A agressão teria ocorrido porque a criança é gaga. A mãe diz que o bullying contra o filho ocorre desde janeiro e que a escola não fez nada para impedi-lo, mesmo quando alertada sobre a situação. A Polícia Civil, o Conselho Tutelar e o MP (Ministério Público) investigam o caso.
O caso ocorreu na semana passada, mas foi registrado nesta segunda-feira (16) na Polícia Civil. A criança estuda na Escola Municipal Paulo Monte Serrat e teve ferimentos nas costas, no torso e no rosto. Ela chegou a ser atendida em uma unidade de saúde da cidade, foi medicada e liberada. Houve exame de corpo de delito, que confirmou os ferimentos.
Por conta do problema, o menor, que cursa a 2ª série do ensino fundamental, não quer mais voltar para a escola e tem passado as manhãs, período no qual estuda, com a mãe no trabalho. "Eu não tenho vontade de ir, de ficar apanhando todo dia", disse o menino. "Eu quero mudar de escola."
Agressões
Segundo Viviana Ribeiro, 40, mãe da criança, essa não é a primeira agressão que o filho sofre. Elas começaram no início do ano letivo e se intensificaram nos últimos meses. "Há exatamente um ano ele vem sofrendo bullying. Primeiramente foi verbal, sendo que os meninos disseram que ele era burro e gago. Mas depois começaram os ataques físicos e eu comuniquei isso à direção da escola, que nada fez", disse.
Ainda de acordo com ela, a primeira vez que o filho apanhou foi há três meses. "Os garotos jogaram ele na catraca da escola e ele ficou com um grande hematoma na virilha. Dessa vez, bateram nele e arrastaram meu filho no chão cheio de cascalho", disse ela, que afirmou saber a identidade dos meninos. "São cinco, e sempre os mesmos. A diretoria sabe, mas nem mandar recado para os pais manda", disse.
Viviane disse que ficou ainda mais revoltada porque, depois de apanhar, o filho dela ainda teria ficado de castigo. "A diretora chamou os cinco e mandou que todos fizessem um teste de leitura. Depois, deu o mesmo castigo para todos, inclusive meu filho, o que apanhou", disse.
Diante da situação, Viviana afirmou ainda que procurou a Secretaria de Educação e pediu para que o filho mudasse de escola, mas não foi atendida. "Pedi uma vaga em outra escola, perto do meu trabalho, e disseram que não poderiam arrumar", disse a mãe, que procurou o Conselho Tutelar e o Ministério Público para tentar a vaga.
Outro lado
A reportagem do UOL procurou a Secretaria de Educação de Ribeirão Preto. Em nota, a secretaria informou que está apurando os fatos e que irá providenciar a transferência do menor. "A Secretaria Municipal da Educação abriu um processo de sindicância para apurar fatos e responsabilidades e está disponibilizando a transferência da criança para outra unidade escolar", diz a nota.
A reportagem questionou ainda a versão da mãe sobre a ação da diretora, bem como a decisão de não fornecer uma vaga em outra escola ao aluno agredido, mas não houve resposta. A diretora também foi procurada, na unidade escolar que comanda, mas uma funcionária disse que ninguém iria se pronunciar sobre o caso.
O Conselho Tutelar de Ribeirão Preto confirmou que foi procurado pela mãe e que trabalha, em parceria com o MP, para resolver o problema. Além disso, relatou que o menor passará por acompanhamento psicológico. Já o MP confirmou que foi procurado pela mãe e que já oficiou à escola pedindo a transferência do aluno. O promotor responsável pelo caso, entretanto, estava em audiência e não pôde falar com a reportagem.
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