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SP: PM e alunos entram em confronto em escola ocupada; seis são indiciados

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

25/11/2015 19h24

Vídeos postados em redes sociais e compartilhados através do WhatsApp mostram um confronto entre manifestantes contrários à reorganização das escolas paulistas e policiais na Escola Estadual Sylvia Ribeiro de Carvalho, em Marília. O confronto ocorreu há seis dias e foi filmado por pessoas que estavam no local. As imagens mostram agressões feitas por policiais, uso gás de pimenta e a retirada de manifestantes. A PM argumenta que os retirados não eram estudantes da instituição, mas sim sindicalistas e universitários radicais que queriam protestar. O caso é investigado pela Polícia Civil.

Segundo a PM, os oficiais foram enviados à escola depois que a PM foi acionada pela direção do estabelecimento de ensino, que pediu que seis pessoas que não integram o corpo discente da escola e estavam comandando a ocupação fossem retiradas do local. Ainda segundo a polícia, os manifestantes atacaram os policiais com os pedaços de madeira quando essas pessoas estavam sendo retiradas da escola.

Após o confronto, os seis - cinco estudantes universitários que estudam na Unesp (Universidade Estadual Paulista) e uma sindicalista ligada à Apeoesp (Sindicado dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) foram identificados e levados ao Plantão Policial, onde prestaram esclarecimentos e acabaram liberados. Eles foram indiciados por incitação ao crime, resistência, desacato e porte de arma branca.

Outro lado

Logo depois do confronto, a dirigente regional de ensino da cidade, Ivanilde Zanae, afirmou, em entrevista, que a manifestação e a ocupação da escola só ocorreu por conta da ação de pessoas alheias à unidade de ensino. "Esse fato só aconteceu por influencia de um grupo de estudantes da Unesp e da Apeoesp. São as mesmas pessoas que invadiram a Diretoria de Ensino semanas atrás", relatou.

Em nota, a Apeoesp afirmou que repudia "a atuação truculenta da Polícia Militar" e declarou ainda que presta "todo apoio necessário aos estudantes que querem debater a reorganização". Declarou ainda que, embora o governo teoricamente afirme estar aberto do diálogo, não faz concessões e querem impor sua visão verticalmente aos estudantes.

Já de acordo com Ricardo Gomes, outro dos organizadores da ocupação, a truculência da polícia deve ser condenada. "Eles foram arbitrários, agrediram estudantes sem motivo e prenderam pessoas que estavam nos ajudando. Não faz sentido agir dessa forma contra nós", disse. Ele ressaltou ainda que a ocupação tem como objetivo incluir os estudantes no debate do processo. "Fizemos dois atos antes da ocupação, todos buscando o diálogo. Os representantes do Estado sempre alegaram que a mudança era positiva, mas nunca deram ouvidos aos estudantes", disse.

Ocupação

A unidade de ensino foi ocupada na última quinta-feira (19) e, desde então, segue sob o comando de cerca de 150 alunos, que estão acampados no local. Segundo o estudante Gustavo Peinado, 16, um dos que ocupam o imóvel, o patrimônio público tem sido respeitado e a ocupação só terminará quando o governo estadual se dispuser a discutir a questão com os estudantes.

“Temos que definir quem fica responsável pela limpeza, segurança, preparo da alimentação e realização das atividades físicas. Nossa escola está ocupada, mas bem organizada. E vamos continuar até que o governo do Estado nos ouça”, informa.