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SP: "Eles estão certos", diz motorista que ficou 3h parado por protesto

Karina Yamamoto/UOL
Imagem: Karina Yamamoto/UOL

Karina Yamamoto

Do UOL, em São Paulo

30/11/2015 11h23

O motorista Zildo Álvares de Alcântara, 45, assistiu de camarote boa parte do protesto dos estudantes em São Paulo na manhã desta segunda (30).

Os manifestantes fecham o cruzamento de duas importantes avenidas na zona oeste da capital paulista, a Rebouças com a Faria Lima desde 7h da manhã. Em assembleia decidiram desbloquear o tráfego ao meio dia.

Alcântara, que tem três filhos na escola pública, ficou parado "desde 7h22" bem perto da faixa de pedestre da Faria Lima sentido Itaim. Estava em sua última corrida, que deveria terminar 9h30 no Terminal Bandeira.

Por volta das 10h30, os fiscais da CET e da SPTrans orientaram Alcântara a desviar do caminho e retornar pelo bairro ao ponto de onde vinha.

Mas ele não estava bravo com o protesto: "Eles estão certos. A escola já não é boa, mas vai fechar o que tem?". Ele conta que só fez até a antiga 5ª série "porque não tinha escola" e que deposita na educação a esperança de um futuro melhor que o dele -- que é motorista há 20 anos -- para os filhos.

Silêncio na avenida agitada

Quem trabalha na região está acostumado com o barulho dos carros, das buzinas no cruzamento movimento. Na manhã desta segunda havia um silêncio incomum. Mas era possível escutar nos pontos de ônibus reclamações sobre o tráfego, que ficou completamente parado nas avenidas.

"É greve?", perguntou um homem ao fiscal de ônibus no Largo da Batata, próximo da estação de metrô Faria Lima.

Mais adiante uma senhora praguejava sozinha, olhando para o cruzamento completamente impedido pelas cadeiras dos estudantes: "Bando de desocupados, estou andando desde a Raposo".