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Escolas de SE tiram nome de ditadores e homenageiam Paulo Freire e Mandela

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

15/01/2016 11h54

Um decreto assinado pelo governador de Sergipe Jackson Barreto (PMDB), nessa quinta-feira (14), mudou o nome das três escolas da rede pública estadual que homenageavam militares que governaram o país durante a Ditadura (1964-1985). Além disso, o decreto também alterou o nome do Estádio Presidente Emílio Garrastazu Médici, em Itabaiana.

Com a mudança, os colégios Presidente Médici, Castelo Branco e Costa e Silva, todos em Aracaju, passaram a se chamar Nelson Mandela, Paulo Freire e Professor João Costa, respectivamente. Já o estádio ganhou o nome Etelvino Mendonça.

Segundo o Censo Escolar de 2012, generais da ditadura davam nome a 717 escolas do Brasil – a maioria delas escolas públicas. Ao longo dos últimos anos, alguns estados também alteraram o nome de escolas e prédios públicos, retirando o nome de generais. Foi o caso do Rio de Janeiro, Bahia, e Maranhão.

Segundo o governo sergipano, a mudança se alinha às recomendações do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), entregue em dezembro de 2014. 

O governador justificou a medida e disse, em entrevista, que as escolas homenageavam “aqueles que contribuíram para violência e afrontam aos direitos humanos sendo responsáveis por torturas, assassinatos de presos políticos e exílios durante o Regime Militar.”

A medida também foi comemorada por ativistas dos direitos humanos. “Tirar os nomes dessas pessoas é um momento também de reflexão, não significa apenas esquecer essas pessoas. Na verdade, acredito que seja importante lembrar pelo que todos nós lutamos: pelos direitos humanos, que passou a ser valor absoluto. Uma das missões das Comissões da Verdade mais que julgar ou não julgar e do que rever a história, é nos fazer debruçar sobre os avanços civilizatórios”, comentou o presidente da Comissão Estadual da Verdade, professor Josué Modesto dos Passos Sobrinho.