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Estudantes deixam oito escolas e ocupam Secretaria de Educação de Goiás

Mariana Tokarnia

Da Agência Brasil, em Brasília

27/01/2016 08h32

Estudantes e simpatizantes do movimento que protesta contra a proposta que transfere administração de escolas públicas de Goiás para organizações sociais (OS) ocuparam, no início da noite de ontem (26), a Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) do estado. Um grupo de servidores está no prédio. A Polícia Militar negocia a saída dos manifestantes.

Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública do estado, a ocupação começou com um pequeno grupo de pessoas que estavam com o rosto coberto e foram seguidos por mais manifestantes. A estimativa é de que 150 pessoas participem da mobilização. 

 Os manifestantes pedem a suspensão de edital que seleciona organizações sociais para gerir 23 escolas estaduais, em um projeto piloto.

A ocupação da Secretaria de Educação ocorre após a retirada de estudantes de escolas. Segundo a Seduce, oito escolas foram desocupadas desde ontem (25). Com isso, o número de estabelecimentos de ensino ocupados em Goiás caiu para 19.

Denúncias de violência

Pelo Facebook, os estudantes relatam que estão sofrendo agressões e ameaças. Dizem que as desocupações estão sendo feitas com a ajuda de policiais militares e que os pais estão sendo incitados a ficar contra os estudantes.

"Eles forçaram o portão, arrebentaram o cadeado e invadiram o que restava de ocupação no colégio. Eles estão ameaçando muito e tem várias adolescentes que estão em situação de bastante perigo por conta desses "pais" e a direção, que já se mostraram dispostos a vandalizar o colégio para acabar com a manifestação contra as organizações sociais", diz o relato dos estudantes que ocupam o Colégio Estadual Bandeirante.

Estudantes do Colégio Estadual Robinho Martins de Azevedo afirmam que homens encapuzados foram até a escola hoje e, com pedaços de pau, obrigaram os alunos a deixarem o local. Agressões foram relatadas ontem também pelos alunos do Colégio Ismael Silva de Jesus, desocupado. Segundo os jovens, policiais entraram na escola e forçaram a saída dos alunos com empurrões, chutes e pontapés.

A Polícia Militar nega as agressões.

De acordo com a Secretaria de Educação, trata-se de pais e de alunos que reinvindicam o espaço e querem que a escola volte a funcionar. "Está em andamento uma manifestação espontânea de pais, professores e alunos pela desocupação de escolas que foram invadidas por manifestantes que se dizem contrários à gestão compartilhada com organizações sociais e que impediram o início do ano letivo em unidades ocupadas, afetando a rotina de mais de 16 mil estudantes", diz nota divulgada ontem pela Seduce.

Ocupações

No início de dezembro do ano passado, estudantes secundaristas e universitários, professores e simpatizantes do movimento contra a administração de escolas pelas OS começaram a ocupar colégios  estaduais. Ao todo, 27 estabelecimentos foram ocupadas. A  Justiça de Goiás decidiu pela desocupação de 14 escolas. Juízes das comarcas de Aparecida de Goiânia e de Anápolis determinaram a reintegração de posse das escolas ocupadas nos dois municípios - três no primeiro e oito no segundo.

No último dia 14, o Tribunal de Justiça de Goiás já havia divulgado a decisão de que três escolas públicas estaduais teriam de ser desocupadas em Goiânia: José Carlos de Almeida, Lyceu de Goiânia e Robinho Martins de Azevedo. Segundo o tribunal, os manifestantes têm até 15 dias para cumprir a decisão, sob pena de requisição de força policial e multa diária no valor de R$ 50 mil, a ser revertida para o Fundo Estadual da Educação. Os estudantes foram notificados da decisão na semana passada e o prazo para a desocupação das escolas ainda está em vigor.