Ioga inspira escola com meditação e comida vegetariana em SP
Em uma confortável casa na Lapa, na zona oeste de São Paulo, os pezinhos estão livres para explorar a grama, a areia e a terra, ou para descansarem suspensos nas redes dispostas no escurinho de uma das salas. Não, não é casa de avó. Estamos na Escola Arte de Ser, que atende cerca de 40 crianças de um a seis anos e se baseia na filosofia do mestre iogue Paramahansa Yogananda.
Se os pés descalços exploram diferentes estruturas e texturas do “mundo exterior”, os olhinhos fechados são a chave para a busca da calma e da concentração. “Os pequenos começam cantando uma música, ouvindo uma história, é uma mini-prática, mesmo que ainda não fechem os olhos”, diz Maeve Vida, umas das fundadoras e atualmente membro da direção pedagógica da Arte de Ser.
Nessa escola fundada em 2008, eles também têm aulas de ioga e música, fazem exercícios de respiração, aprendem a plantar, a colher e também vão para a cozinha: toda segunda-feira cada aluno leva para a casa o pão integral que preparou com os professores.
Nas salas, há poucos bonecos de tecido e estruturas de madeira para auxiliar na diversão, já que a regra é explorar a imaginação dos pequenos. “Aqui privilegiamos o brincar livre, evitamos eletrônicos e brinquedos estruturados, para desenvolver a criatividade da criança”, diz Maeve.
A escola adota uma alimentação vegetariana e os ingredientes são comprados e selecionados pelos pais – cada semana, três ou quatro famílias ficam encarregados da lista do supermercado. “Não falamos contra a carne, mesmo porque muitas famílias não são vegetarianas. Não queremos criar crianças arrogantes, a nossa cultura é a da paz. Valorizamos o alimento natural, mostramos de onde ele veio”, explica.
Pais colocam a mão na massa
Além do rodízio para a compra dos alimentos, os pais da Arte de Ser se envolvem em outras rotinas da escola. Há os grupos engajados em cuidar da horta, em propor novas atividades pedagógicas ou culturais.
Pais de Sofia, 6, e Amir, 4, os arquitetos Juliana e Danilo Terra ajudaram de outra forma: transforam a velha garagem que servia de depósito em uma sala para receber novos alunos. O engajamento, que aconteceu de forma gradual, mudou a escola e também a família. “A gente não tinha relação com comida saudável, não frequentava tanto parques, e a escola mudou a vida da família. É uma comunidade que faz a escola acontecer, e quando você se encontra, acaba trazendo isso para dentro de casa”, diz Juliana.
Educação em quatro pilares
A escola adota o modelo How-To-Live, implantado pela primeira vez por Yogananda na Índia em 1917, que combina ioga e a vivência de valores humanos universais. O sistema utiliza quatro pilares, que, segundo Yogananda, são essenciais para o desenvolvimento integral do ser humano: ciência do corpo, engenharia mental, artes sociais e dimensão espiritual.
Na Arte de Ser, esses pilares são traduzidos em brincadeiras, atividades artísticas e culturais, na alimentação e na relação dos alunos com a natureza (além da horta, há duas tartarugas no local), com os colegas e com as suas próprias emoções.
São esses valores humanos, como o amor, a bondade, a compaixão, que determinam a escolha das músicas, dos livros e das atividades em sala. Nessa escola, não entram materiais que de alguma forma estimulem a violência ou o consumismo. “Esse é o nosso objetivo número um: os valores. Acreditamos que desenvolver valores transculturais é importante para um convívio mais harmonioso”, diz Maeve.
A mensalidade da escola custa a partir de R$ 1.380 (meio-período).
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