Um ano após 'batalha', relação entre PR e professores segue estremecida
Um ano depois do evento que ficou conhecido como “Batalha do Centro Cívico”, cerca de 20 mil representantes de sindicatos, movimentos sociais e entidades, segundo os organizadores do evento, se mobilizaram para relembrar o incidente, que custou R$ 948 mil aos cofres públicos e envolveu 2.500 policiais, deixando mais de 200 feridos. Até o momento, ninguém foi punido pela ocorrência, sendo que dois processos ainda engatinham e um, na Justiça Militar, foi arquivado.
Eles se reuniram em três pontos da capital pela manhã e marcham até a praça Nossa Senhora de Salete, onde o confronto ocorreu. Na programação, ainda estão incluídos um almoço comunitário, um minuto de silêncio no momento em que a batalha começou e apresentações musicais, com a presença do grupo Detonautas.
"Queremos fazer memória do que aconteceu há um ano, pois fomos vítimas da maior violência por parte do governo", afirma Marlei Fernandes, secretária de Finanças da APP Sindicato, que representa as escolas públicas do Estado. Segundo Marlei, o diálogo entre o governo e os professores está estremecido desde então e não houve avanços nas reivindicações da categoria.
Entre as demandas, encontram-se: o pagamento de r$ 180 milhões, referentes a promoções e progressões de 2015; realização de novos concursos; diminuição do número de alunos por turmas; reajuste do piso; regularização da situação da merenda, entre outros itens.
Em função da dificuldade de avançar nessas pautas, Marlei não descarta a possibilidade de novas greves no futuro - no ano passado, foram 44 dias de paralisação. "Tivemos reuniões com a secretaria de Educação, mas sem avanços. Teremos uma nova reunião na semana que vem e, dependendo dos resultados, podemos marcar uma assembleia para discutir uma greve", diz.
A secretária de educação Ana Seres Trento Comin afirma que o governo trabalha em parceria com outros órgãos - Casa Civil, Finanças e Administração - para honrar seus compromissos. De acordo com a secretária, entre 2010 e 2015, o orçamento do estado para a Educação saiu de 3,5 bilhões para 7,8 bilhões, mas as despesas com pessoal cresceram ainda mais: De 2,5 bilhões para 6,5 bilhões. "Estamos em reuniões e esperamos encontrar uma solução, mas a receita não cresce na mesma proporção. Nas próximas reuniões, devemos continuar nossos estudos ou apresentar propostas", ressalta. "Ambos os lados lamentam o 29 de abril, mas devemos ter foco nos estudantes", diz.
Até o momento, a Polícia Militar não confirmou o número de manifestantes e informou que não vai divulgar o efetivo destacado para a segurança do evento.
Do interior
Entre os manifestantes, estiveram membros das 29 regionais de educação do Paraná, além de representantes de sindicatos de outros Estados, como Piauí, Bahia e Minas Gerais. "Nossa luta é a mesma ainda. Queremos que o governo cumpra com o que prometeu, especialmente em relação a progressão da carreira e a melhoria da escola pública", conta Amadeu Luiz Lovo Mandes, que trabalha há 20 anos como professor do Paraná em Palmas, a cerca de 300 km da capital. "Espero que possamos abrir um diálogo com o governo, mas aguardamos uma apuração mais severa do que aconteceu no ano passado. Eu fui agredido com cassetetes", lembra.
"Nossa ideia é conversar para começar a mudar essa situação. Trabalho com turmas super lotadas, mesmo havendo a possibilidade de reduzi-las, por corte de custos", afirma Juliane Borges, de 32 anos, 8 anos como servidora em Bom Jesus do Sul, 440 km de Curitiba.
De Maringá, na região noroeste do Estado, Vera Lúcia de Oliveira espera que o ato represente uma mudança na educação pública do Paraná. Ele esteve no Centro Cívico no ano passado e afirma ter evitado lesões pois conseguiu correr. "O governo deve ser sensível a luta dos trabalhadores. Não trouxemos armas, queremos apenas nossos direitos", opina
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