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Pelo menos dois estudantes relatam agressão de policiais em desocupação

Emanuel Colombari/UOL
Imagem: Emanuel Colombari/UOL

Emanuel Colombira<br>Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

13/05/2016 15h17

Pelo menos dois estudantes que foram levados para o 23º DP (Distrito Policial) relatam ter sofrido agressão durante a ação da PM (Polícia Militar) de São Paulo na manhã desta sexta (13). 

Eles estavam entre os 35 estudantes (16 menores de idade entre eles) retirados da Diretoria de Ensino Região Centro-Oeste, que fica em Perdizes.

Ao todo, 89 pessoas que estavam em ocupações de três diretorias de ensino e na Etec São Paulo foram encaminhadas à delegacia, 43 eram adolescentes. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, dois foram presos por dano à escola técnica, e pagaram fiança. Outros dois foram presos no 5° DP por furto à Diretoria de Ensino de Guarulhos. 

A reportagem do UOL ouviu reclamações de alguns estudantes que foram levados para a delegacia. Dois deles detalharam o ocorrido.

A estudante Mariah Alessandra, 18, mostrou marcas roxas nos braços-- segundo ela, resultantes da ação da PM na desocupação. Os policiais, conta, arrastaram os estudantes, puxando-os pelos braços e pernas para tirá-los do prédio.

"Teve agressão física, mas o pior foi a tortura psicológica", afirma. "Chegamos no 91º DP e falaram para descer só as meninas. Falaram: 'chegou o bonde dos estupradores'."

Do 91º DP, os manifestantes foram levados para o 23º DP-- a informação foi confirmada pela reportagem, por telefone, com o primeiro local de parada.

"O tempo inteiro [eles] ficavam rodando com a gente [dentro do ônibus] e sem falarem para onde iam. Um deles entrou no ônibus com um fuzil", diz Alessandra.

Ameaça

"Levei um empurrão. Dois PMs torceram meu braço, que já é quebrado, e disseram: 'você vai sofrer'", conta Flávio, que não divulgou o sobrenome nem a idade.

"Xingaram as meninas. Teve um moleque que eles enforcaram", completa Flávio. Ele diz que o inchaço do antebraço é resultante das agressões.

Representantes da Defensoria Pública foram ao DP para orientar os estudantes a respeito das supostas agressões. O grupo que se apresentou passará por perícia e exame de corpo de delito para atestar lesões.

Lupércio Antônio Dimov, delegado titular do 23º DP, prometeu averiguar as queixas dos envolvidos.

"Para provar que não houve abuso, foi requisitado exame de corpo de delito", disse Dimov. "Se houve excesso, será comunicado ao juiz", completou.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que não houve confronto entre manifestantes e a Polícia Militar durante a desocupação de três diretorias de ensino e da Etec São Paulo nesta sexta. 

Diante de denúncia de agressão, a secretaria afirma que foi solicitado "exame de corpo delito para os detidos encaminhados ao 3° DP e ao 23° DP".