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RS: Desentendimento por aula termina em agressão em escola ocupada

Ana Paula registrou boletim de ocorrência - Reprodução
Ana Paula registrou boletim de ocorrência Imagem: Reprodução

Lucas Azevedo

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

31/05/2016 16h38

Alunos do Colégio Estadual Protásio Alves, no bairro Azenha, em Porto Alegre, se desentenderam na noite dessa segunda-feira (30) e o caso acabou em agressões e boletim de ocorrência na delegacia. A escola está ocupada por estudantes desde o dia 15 de maio em protesto por melhorias na estrutura do local.

Conforme relato de alguns alunos da instituição, tudo aconteceu depois que os ocupantes trancaram o portão do prédio no período noturno impedindo que os alunos dos cursos técnicos tivessem suas aulas, como já estava sendo feito mesmo com a ocupação.

Ao chegarem e não terem acesso às salas de aula, um grupo teria forçado a entrada até um cadeado estourar. Eles teriam conseguido entrar no prédio com a ajuda de uma professora que é presidente do conselho escolar e liberou o acesso pela entrada do estacionamento dos docentes.

“Os alunos [do noturno] entraram na escola com pedras. Fomos chamadas de vagabundas. Depois, uma aluna saiu da aula e me agrediu. Uma menina que tentou apartar levou uma cabeçada”, conta a aluna do 3º ano Ana Paula de Souza dos Santos, 18, exibindo arranhões no rosto.

Depois do tumulto, a jovem foi até uma delegacia de polícia para registrar um boletim de ocorrência. “Vou entrar na Justiça pedindo o afastamento da professora e contra a aluna. Vamos manter a ocupação e em todos os turnos as portas estarão fechadas”, afirma.

Para William Amaral, 21, aluno do curso técnico noturno de administração, os ocupantes estão querendo se vitimizar. “Estão juntando fatos que não tiveram a ver. Ocorreu um desentendimento entre duas pessoas que nada teve a ver com a ocupação. Acho totalmente desnecessário.”

“Teve uma assembleia antes da ocupação em que ficou decidido que os estudantes do técnico não seriam barrados porque muitos já estão se formando. Mas ontem resolveram não deixar ninguém entrar mais. O portão estava fechado e não avisaram nada. Tem muitas pessoas de fora da cidade que vão até lá para estudar e ficaram indignadas”, ressaltou.

De acordo com Amaral, assim como ele, outros colegas se formam no mês de agosto e estão em fase de término do trabalho de conclusão de curso. “Estamos em época das últimas provas e entrega do trabalho final. A maioria dos professores do técnico se colocou à nossa disposição na escola. E o que os colegas fizeram ontem não está certo.”

Amaral diz ser favorável às reivindicações dos alunos e até à ocupação da escola: “Desde que lutem por melhorias, mas não prejudiquem quem quer ter aulas”.

A reportagem tentou contato com os professores do colégio, mas não obteve retorno até o fechamento do texto.

Ameaça na Serra

Na manhã dessa segunda, a professora de um colégio estadual em Caxias do Sul, na serra gaúcha, flagrou o momento em que um homem segurando uma barra de ferro e uma corrente fez ameaças aos alunos que ocupam a Escola Apolinário Alves dos Santos.

A docente registrou em vídeo, que logo foi amplamente divulgado pelas redes sociais, o suposto pai de um aluno que exigia o retorno das aulas na escola. Um estudante teria ficado ferido. O caso foi registrado na Polícia Civil. Conforme os movimentos estudantis, já são 146 escolas ocupadas em todo o Rio Grande do Sul.