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Em Florianópolis, 12 gêmeos estudam na mesma creche pública

Aline Torres

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

03/06/2016 06h00

Entre as creches de Florianópolis, a Otília Cruz chama atenção por uma curiosa coincidência. Doze gêmeos dividem o espaço de recreação. A Secretaria de Educação da Capital divulgou que esse é um caso raro. 

As crianças estudam em período integral, das 7h às 18h30. As duplas mais novas são formadas por Maria Eduarda e Maria Vitória, de nove meses, e Enzo e Davi, de dez meses. Letícia e Eduarda, Giovanna e Guilherme e Júlia e Bruna formam o trio de duplas com dois anos de idade. Arthur e Beatriz têm três anos.

Com tanto tempo de convívio, as educadoras conhecem intimamente a personalidade das crianças, mesmo que, às vezes, confundam seus rostos. 

“Trabalho com as Marias e elas são idênticas. Consigo diferenciá-las graças aos brincos”, explica a professora Joseane Goedert.

As meninas não são as únicas que causam confusão. Letícia e Eduarda são tão parecidas que usam tornozeleiras com os nomes. O curioso é que apenas os adultos se enganam. “Os coleguinhas as identificam de primeira”, diz a professora.

A mesma facilidade não é repetida pelos pais. Já aconteceu de Maria Eduarda tomar a duas mamadeiras e Maria Vitória ficar sem nada. O fato foi compartilhado com as pedagogas para que não aconteça na escola.

Curiosidade

A “creche dos gêmeos” como foi apelidada chama atenção dos curiosos, que abordam as professoras na saída do expediente, mas também causa euforia entre os outros alunos. A irmã mais velha das Marias frequentemente mostra as amigas suas “irmãs iguais”. Pais de outros alunos também pedem informações.

Julia e Bruna são filhas de Roberta Heinz, que é gêmea idêntica de Renata, ambas são irmãos de outras gêmeas, a Aline e a Alessandra. Esse histórico familiar deu a Roberta conhecimento para educar as filhas. “Sei como eu e minha irmã não gostávamos de ser comparadas, nem de usar as mesmas coisas”, afirma.

Essa preocupação tem sido recorrente entre as mães. Mas, segundo a diretora da instituição, Fabrícia Souza, as profissionais são orientadas a estimular a identidade de cada infante. “São crianças únicas. É assim que devemos tratá-las nessa fase tão especial que é a formação básica”, diz.

O aprendizado é estendido aos pequenos. A professora Delba Ferreira disse que Beatriz é uma espoleta, enquanto seu irmão Arthur é introspectivo. Apesar das personalidades diferentes, choram juntos. Mas, como as semelhanças são mais perceptíveis que as diferenças é preciso deixar bem claro para a turma que são pessoas distintas.

“Sempre me lembro de uma cena engraçada. A Bruna conseguiu vaga um mês antes da sua irmã Júlia. No primeiro dia em que as duas se juntaram, muitas crianças não perceberam. Outro aluninho, o João, brincava com a Júlia e quando olhou para trás viu a Bruna. Ele levou um susto tão grande! Ficou virando de um lado para outro apavorado. Depois, ele me chamou. Então, levei as duas para frente da classe e expliquei que elas são parecidas, mas não são iguais”, conta a professora Joseane.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o bairro Coloninha, onde está localizada a creche, não tem maior incidência de gêmeos que o resto do município. Entretanto, o IBGE também divulgou que o número de nascimentos de gêmeos no Brasil aumentou quase 30% nos últimos 10 anos.