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Cineasta estreia documentário em escola para debater inclusão de deficiente

Marcelo Mesquita, cineasta, diretor do filme Paratodos - Arquivo pessoal
Marcelo Mesquita, cineasta, diretor do filme Paratodos Imagem: Arquivo pessoal

Thiago Varella

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

04/06/2016 08h00

Na tela, o filme Paratodos é um documentário que retrata o dia a dia de quatro equipes de atletas paralímpicos brasileiros que lutam por vitórias, recordes e medalhas, tendo em vista que, neste ano, o Rio de Janeiro recebe os primeiros Jogos Paralímpicos já realizados na América do Sul.

Fora do cinema, o longa tem uma proposta mais ousada. O filme será exibido em 2.000 escolas para 250 mil estudantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador.

A ideia do diretor Marcelo Mesquita é discutir inclusão e acessibilidade na sociedade entre os estudantes.

"É importante trabalhar o tema da inclusão e do preconceito com as próximas gerações. Nós excluímos os deficientes da sociedade porque vivemos em cidades cheias de preconceitos", diz Mesquita.

A discussão, pondera Mesquita, vai muito além do filme e dos atletas. Segundo ele, é necessário debater, por exemplo, se as escolas estão preparadas para receber alunos com algum tipo de deficiência. Para quem usa cadeira de rodas, as rampas são necessárias. Os cegos precisam de material especializado (em braile, por exemplo). 

Para Mesquita, é preciso lançar um olhar humanizado sobre essas pessoas. A narrativa da superação e de que deficientes que se integram na sociedade, seja como estudantes ou como atletas, são super heróis está ultrapassada.

"O problema do Fernando Fernandes [atleta da paracanoagem] não é a cadeira de rodas e sim o ombro que dói ou a agenda complicada. Você não se preocupa se a Terezinha Guilhermina [do atletismo] enxerga ou não, mas sim se ela vai vencer sua maior rival, que é chinesa", completou. 

Mesquita também quer lançar aos alunos outras discussões sobre os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio. "Para mim, os dois Jogos são um só. Bilhões de reais foram despejados para a realização desses eventos. Acho que pode ser uma oportunidade gigantesca para o Brasil melhorar, mas é preciso trabalhar esse legado, essa história, também nas escolas", explicou. 

O documentário Paratodos foi lançado nas escolas de São Paulo no último dia 1º em uma sessão especial feita no auditório da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O filme ainda terá lançamentos especiais para escolas do Rio, Recife e Salvador.

Para isso, além da exibição dos filmes, será também enviado às escolas um material digital que vai instruir os professores a debater os assuntos do documentário em sala de aula. Os educadores serão incentivados a também dar exercícios e dinâmicas em aula para que o filme não se torne apenas uma mera projeção.

No circuito comercial, o filme terá uma pré-estreia no dia 21 de junho.