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Professora acusa pai de aluno de quebrar seu dedo por causa de trabalho

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

07/06/2016 18h55Atualizada em 07/06/2016 19h04

A professora Neuza Fernandes da Silva, 40, coordenadora do curso de direito das Fausb (Faculdades Integradas Desembargador Sávio Brandão), está com duas fraturas no dedo médio da mão esquerda.

Segundo ela, o trauma é resultado de uma agressão do ex-policial David Seadra, 53, pai de um dos alunos da instituição em que trabalha, em Várzea Grande (MT), no último sábado (4).

O motivo da agressão teria sido a discordância com alterações pedidas pela faculdade no trabalho de conclusão de curso do rapaz, que tem 20 anos e está no último ano de direito.

O caso foi registrado na Central de Flagrantes da Polícia Judiciária Civil (PJC) de Várzea Grande e tem audiência marcada no Juizado Especial Criminal do bairro Cristo Rei, no dia 9 de agosto. 

Nome correto do orientador

Segundo Silva, o rapaz tinha que atualizar os dados da capa do trabalho-- tirar a logomarca da antiga faculdade em que iniciou o curso e atualizar o nome do orientador. Ele foi informado das mudanças por um professor.

“Na quarta-feira [dia 1º de junho], o pai dele chegou dizendo que era ex-delegado de polícia e trouxe um advogado tentar nos intimidar", lembra Silva. "O advogado conseguiu contornar a situação porque ele estava agressivo ao querer explicações da faculdade não ter aceitado a monografia”, contou Silva.

No sábado, o pai do rapaz voltou e agrediu a professora: “Ele me empurrou duas vezes contra uma janela de vidro, mas não conseguiu me derrubar. Quando segurei a porta para sair, ele deu um murro na porta e fechou-a em minha mão. O meu reflexo de proteger minha mão foi rápido, mas meu dedo maior foi atingido”, conta Silva.

Silva foi socorrida para o hospital, onde foi constatada fratura em dois lugares no dedo. Para fechar o corte no dedo, o local foi suturado por 12 vezes. A professora está de licença médica por 15 dias e disse que está assustada ao voltar a trabalhar. 

Os seguranças da faculdade acionaram a PM (Polícia Militar) e o acusado foi detido. Ele conduzido à delegacia de plantão e liberado após assinar o TCO (Termo Circunstanciado da Ocorrência), lavrado pelo delegado Eder Clay de Santana Leal. O acusado vai responder na Justiça por lesão corporal culposa e dolosa.

Respostas

O UOL entrou em contato com David Seadra, na tarde desta terça-feira (7), porém foi informado que ele não estava junto ao telefone celular dele. No momento que a reportagem se identificou, a pessoa que atendeu o telefone desligou a ligação. A reportagem tentou ainda contato, por mais duas vezes, entretanto as ligações telefônicas não foram atendidas.

A Fausb disse que está prestando assistência médica à professora e que tomará as providências legais cabíveis. Na próxima semana, o corpo jurídico da instituição deverá se reunir com a professora para analisar a situação. 

A Polícia Judiciária Civil do Mato Grosso informou que David Seadra foi investigador de polícia e não delegado como afirmou à professora Neuza e que ele não faz parte do quadro de servidores do Estado. Segundo a PJC, Seadra ingressou em 1982 no Estado e foi demitido em outubro de 1990, após responder a processo administrativo na Corregedoria Geral de Polícia.