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PR tem quase 1/3 de escolas ocupadas contra reforma do ensino médio

O colégio estadual Tiradentes, em Curitiba, está ocupado contra a reforma do ensino médio proposta em Medida Provisória - Janaina Garcia/UOL
O colégio estadual Tiradentes, em Curitiba, está ocupado contra a reforma do ensino médio proposta em Medida Provisória Imagem: Janaina Garcia/UOL

Janaina Garcia

Do UOL, em Curitiba

17/10/2016 19h27

Já são 600 as escolas públicas estaduais do Paraná ocupadas por estudantes que protestam contra a Medida Provisória 746, que prevê uma reforma no ensino médio, e a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 241, que limita os gastos do governo federal. Ambas são iniciativas da União. Os números são do movimento Ocupa Paraná, vinculado à Upes (União Paranaense dos Estudantes Secundaristas). A Secretaria Estadual de Educação do Paraná informou que são 570 as ocupações.

As unidades de ensino ocupadas estão espalhadas em todo o Estado, mas principalmente em Curitiba e região metropolitana, que concentram pelo menos metade das ocupações. O volume total de escolas ocupadas representa em torno de 28% de todas as 2.153 mil unidades de ensino paranaenses, o que, na prática, equivale a quase um terço de todas as escolas estaduais do Paraná. Segundo o Ocupa Paraná, há também dois Núcleos Regionais de Educação e oito campi de universidades estaduais ocupados. 

De acordo com o presidente da Upes, Mateus Santos, 18, nos próximos dias serão realizadas assembleias nos colégios para definição de lideranças que podem compor uma comitiva de diálogo com o governo estadual. Na semana passada, o governador Beto Richa (PSDB) afirmou estar disposto a abrir o diálogo com os estudantes, mas por intermédio da Upes.

Em entrevista ao UOL, Santos afirmou que aguarda ainda para esta semana a reunião com representantes do governo. O dirigente, que é bolsista em um curso pré-vestibular na capital paranaense, animador de festas infantis e garçom, aos fins de semana, disse que esse é o maior movimento de ocupação estudantil do país – São Paulo, por exemplo, teve em torno de 200 escolas estaduais ocupadas, no final do ano passado, contra a reorganização escolar proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB).

O presidente da Upes, Mateus Santos, 18 - Janaina Garcia/UOL - Janaina Garcia/UOL
O presidente da Upes, Mateus Santos, 18
Imagem: Janaina Garcia/UOL

“A Upes não é responsável pelas ocupações, que são espontâneas, mas as legitima, acompanha e apoia, principalmente no sentido de cobrar a derrubada dessa MP do ensino médio. Nem todos os alunos sabem os detalhes dessa MP ou dessa PEC, mas eles sabem que a flexibilização do currículo e o aumento da carga horária da forma como estão sendo impostos [na MP do ensino médio] tenta desconstruir o pensamento crítico. Não somos contra o ensino integral, mas nossas escolas hoje não têm condições estruturais para isso”, destacou.

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Santos disse acreditar ainda que o resultado das ocupações respingue, nos próximos anos, também nas eleições estaduais.

“Os alunos são formadores de opinião e estão construindo outra visão de mundo sobre política –às vezes até com uma forma errada de ver política, a confundindo com politicagem, isso, sim, ruim; mas estão construindo”. A afirmação foi feita minutos depois de o presidente da Upes ser recebido de maneira hostil por estudantes do Colégio Estadual do Paraná, o maior, da rede, e ocupado desde a semana passada. Alunos ouvidos pela reportagem reclamaram que entidades como a Upes pouco ou nada fazem fora desses períodos de crise que justifique o poder representativo delas. “Eles repelem as instituições como reflexo mesmo da crise política nacional, mas a nossa entidade tem 72 anos e representa cerca de 1,6 milhão de estudantes paranaenses –não é pouca coisa”, minimizou o presidente da entidade.

De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, além das escolas ocupadas, nas quais foi decretado recesso até o final desta semana, 5% da rede está totalmente e 18% está parcialmente paralisada em função da greve dos professores estaduais, que começou hoje. Conforme a pasta, 55% das escolas “funcionam normalmente” – o percentual restante equivale às ocupações.