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Máfia da merenda: ex-secretário de Educação nega saber de irregularidades

O ex-secretário da Educação, Herman Voorwald - Silva Junior/Folhapress
O ex-secretário da Educação, Herman Voorwald Imagem: Silva Junior/Folhapress

Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil

30/11/2016 15h11

O ex-secretário de Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, negou hoje (30) conhecer o presidente da Cooperativa de Agricultura Familiar (Coaf), Cássio Chebabi, e disse que não sabia de irregularidades no processo de licitação e contratação da cooperativa para o fornecimento de suco de laranja para escolas públicas. Ele prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) que investiga o fornecimento de merenda para escolas estaduais em contratos firmados por empresas e cooperativas de agricultura familiar com o governo estadual e a prefeitura.

Voorwald disse que, quando assumiu a pasta, manteve no cargo o chefe de gabinete Fernando Padula, apontado pelas investigações como coordenador do esquema dentro da Secretaria Estadual de Educação, porque ele já havia exercido a função em duas outras secretarias. Voorwald também falou sobre o processo licitatório de 2013. "O que a coordenação me passou foi que o processo havia sido interrompido por irregularidades e eu considerei que ele estava fechado a partir de então", disse.

O segundo depoente do dia foi o empresário da cidade de Campinas e sócio-administrador da Riocamp Negócios Institucionais Joaquim Geraldo Pereira da Silva, apontado pelo Ministério Público como falsificador de notas fiscais utilizadas por lobistas para justificar o pagamento de propinas. Segundo Silva, a citação de seu nome na Operação Alba Branca não se justifica. O empresário disse ter documentos que provam sua inocência. "Já prestei esclarecimento judicialmente quando fui coercitivamente levado para Bebedouro, onde fiquei retido por nove dias."

Silva negou conhecer alguém no governo estadual e disse ser apenas um consultor de empresas contratado pela Coaf, sendo representante comercial em dois negócios da cooperativa. Ele também negou que tenha fornecido laudos e notas fiscais eletrônicas para a empresa. "Eu era consultor no processo licitatório e não conhecia nada que a Coaf estivesse fazendo porque isso não era obrigação minha. Eu também não tinha nenhuma responsabilidade além de receber o pagamento pelo trabalho desenvolvido. Eu peguei imposto pelas notas fiscais que emiti e os laudos que emiti são verdadeiros. Não tenho conhecimento de laudos falsos."

Durante a reunião da CPI, um grupo de agentes penitenciários fez uma manifestação no corredor do plenário D. Pedro I, onde ocorreram os depoimentos. Eles afirmam não ter reajuste salarial há pelo menos três anos e reivindicam uma audiência com o governo do estado.