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Pela 2ª vez, estudantes da UFMG acusam PM de violência em ato contra PEC 55

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

08/12/2016 17h34

Universitários que ocupam a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) acusaram novamente a Polícia Militar de Minas Gerais de truculência após ato de protesto contra a PEC 55, em frente a uma das entradas da universidade, na região da Pampulha, em Belo Horizonte.

No dia 18 do mês passado, episódio semelhante foi registrado na portaria da UFMG, que convive, além das ocupações de 19 prédios, com greve de professores e funcionários também contrários à PEC que limita o teto de gastos do governo federal.

Conforme relatos postados nas redes sociais, o ato da noite desta quarta-feira (7) foi marcado pela queima de objetos na Avenida Antônio Carlos, na portaria da universidade, e contou com a presença de estudantes secundaristas. O ato fechou o tráfego na região, e os ativistas se recusaram a sair do local. Em seguida, os ativistas relataram terem sido retirados da avenida após a PM ter feito uso de balas de borracha e bombas de efeito moral.

Conforme o DCE-UFMG (Diretório Central dos Estudantes da UFMG), estudantes correram para dentro da universidade e foram perseguidos pela PM. Alguns universitários se feriram, mas foram socorridos e passam bem. O diretório informou que a tropa de choque da PM invadiu o campus e, após duas horas, retirou-se da universidade.

Em nota, a reitoria da UFMG protestou pela segunda vez contra ação dos militares.

“Foi uma ação mais violenta do que aquela que a PM perpetrou no dia 18 de novembro passado”, trouxe o informe

“Repudiamos a ação da polícia, que mais uma vez, se revelou despreparada para lidar com manifestações da sociedade’, revelou o reitor Jaime Ramirez.

Conforme a direção, apesar de representantes da universidade terem se oferecido para mediar uma negociação, a PM teria iniciado uma nova ofensiva, desta vez, em direção ao prédio da Escola de Belas-Artes, onde a maioria dos ativistas buscou abrigo.

Ainda segundo a UFMG, somente após contato do reitor com o gabinete do governador Fernando Pimentel (PT), a polícia saiu do local.

Ramirez voltou a cobrar posicionamento do governo do Estado.

“É inaceitável que a polícia entre no campus da UFMG, dispare e agrida estudantes, professores e servidores técnico-administrativos”, avaliou o reitor.

Máscaras, pedras e paus

O comando da Polícia Militar de Minas Gerais informou, por meio da sala de assessoria de imprensa, que os participantes do ato estavam usando camisas e toucas para esconderem os rostos e ainda se recusaram a liberar a via para o tráfego de veículos, sendo necessária a intervenção para a liberação da avenida, apesar de tentativas de negociação com os ativistas. Ele também adiantou que muitos manifestantes portavam peças de tapumes de madeira no formada de escudos, o que denotaria a intenção deles de partir para o enfrentamento. A ação da PM foi registrada por câmeras usadas pelos comandantes da operação. Segundo ele, o material está sendo juntado a imagens de câmeras de videomonitoramento instaladas na região e será colocado à disposição da sociedade.

O tenente admitiu o uso de bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo contra os estudantes, mas ele afirmou que as filmagens vão comprovar os ataques feitos pelos estudantes aos policiais.

Em relação à entrada da tropa no campus, o oficial declarou que a ação se deu em razão de os alunos terem arremessado pedras e paus, de maneira contínua e de dentro da universidade, contra a guarnição. Ele adiantou que o material foi recolhido.

“Houve o estado legítimo de flagrância. Diante de uma situação de flagrante delito, qualquer local passa a ter autorizada a entrada da autoridade policial”, relatou.  Ele finalizou afirmando que nenhuma pessoa foi detida.

A assessoria do governo de Minas Gerais ressaltou que integrante da Secretaria de Direitos Humanos de Minas Gerais esteve na UFMG, durante o ato de ontem, e irá produzir um relatório para o titular da pasta.