Topo

"Fui o 1º da família em faculdade pública", comemora jovem aprovado na USP

Lucas tem interesse em trabalhar com automação e próteses robóticas - Tiago Queiroz/Divulgação Ismart
Lucas tem interesse em trabalhar com automação e próteses robóticas Imagem: Tiago Queiroz/Divulgação Ismart

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

06/02/2017 15h34

Lucas Reis Werner, 17, está realizando um sonho de criança: ele vai começar, em março, a cursar engenharia elétrica na Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

De origem humilde, o jovem comemora: “fui o primeiro da família a ser aprovado em faculdade pública. É uma alegria sem tamanho para mim e para os meus pais”.

Morador da Vila Gustavo, na zona norte da capital paulista, Lucas estudou em um colégio particular da região. Como sua mãe era amiga da diretora da escola, conseguiu um desconto na mensalidade – conta que os pais pagavam com o dinheiro que conseguiam vendendo os próprios vales-benefícios, como vale-refeição e vale-alimentação.

Quando estava no 9º ano, Lucas conheceu o programa Ismart, que proporciona a alunos de baixa renda com bom desempenho escolar a oportunidade de estudarem em colégios particulares.

“Na época eu estava fazendo provas de bolsas em colégios particulares, mas nunca conseguia uma bolsa satisfatória, que meus pais conseguissem pagar. Eu estava muito sem esperanças”, explica. Com o processo seletivo do Ismart, conseguiu uma bolsa para fazer o ensino médio no Colégio Objetivo.

Mesmo antes de mudar de escola, Lucas conta que passou a estudar por conta, em casa, para se aprofundar em alguns conteúdos. “Nas férias, fui atrás das matérias em que eu tinha bastante dificuldade, porque minha base nelas era muito fraca. Assim, quando começaram as aulas, consegui achar um ritmo bom de estudos”.

“Carrões” na porta da escola

No novo colégio, Lucas conta que a diferença de tratamento entre professores e alunos era bastante clara. “Os professores estão sempre dispostos a ajudar os alunos, e os alunos são mais interessados pelo ensino”, afirma.

Mas essa não foi a única coisa que chamou sua atenção: “a primeira impressão que tive quando cheguei lá foi ver o pessoal chegando com “carrões” na porta da escola. Todo mundo que eu conhecia ia para o colégio a pé ou de ônibus”, conta Lucas.

Ele mesmo diz, inclusive, que fazia um trajeto de cerca de 1h30 de transporte público todos os dias só para ir à escola. “Saía de casa às 5h30 e chegava lá às 7h, bem em cima da hora da aula”.

Próteses robóticas

Para Lucas, o interesse pela engenharia vem desde cedo: além de ter o costume de assistir a documentários de engenharia com o pai, ele sempre gostou de robótica –quando criança, robôs eram seus brinquedos favoritos.

“Tenho muito interesse em trabalhar com automação. Escolhi engenharia elétrica porque consigo trabalhar com próteses robóticas, é meu sonho trabalhar nessa área”, afirma o jovem, que revela ter um plano em mente.

“Quero fazer um projeto para levar essas próteses para quem não tem condições de pagar, e acho que a engenharia elétrica é o jeito mais direto de chegar nesse sonho”.