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Ministro atribui mudanças no Enem 2017 a segurança e "respeito a sabatista"

O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE) - Alan Marques - 16.jun.2016/Folhapress
O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE) Imagem: Alan Marques - 16.jun.2016/Folhapress

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

09/03/2017 17h22

O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), atribuiu nesta quinta-feira (9) a “condições sub-humanas” enfrentadas por candidatos sabatistas - isto é, que guardam o sábado em razão de suas religiões - parte das mudanças na aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) a partir deste ano. Agora, todos os candidatos realizarão as provas em dois domingos – 5 e 12 de novembro –, e não mais em um final de semana cheio.

Em entrevista ao UOL, o ministro defendeu que, além do “respeito” aos sabatistas, as mudanças anunciadas hoje pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) visam a garantir “mais segurança” e “mais tranquilidade aos estudantes”, com o intervalo de uma semana entre uma sequência e outra da prova.

Na edição 2016 do Enem, dos 101.902 atendimentos específicos deferidos pelo Inep, 76.275 foram para candidatos sabatistas – o que representou menos de 1,5%  dos mais de 6 milhões de candidatos que fizeram o exame.  Para eles, o teste só começa ao anoitecer do sábado, mas o dia de prova começa antes: os estudantes ficam reunidos em uma sala, em local de prova, desde o início do exame de sábado para os demais alunos.

“Essas mudanças mostram nossa preocupação com os estudantes do Brasil, porque presumem mais segurança ao exame, mais tranquilidade aos candidatos que se submeterão às provas, com esse intervalo que garante mais espaço para descansar, relaxar e se preparar, e respeito aos sabatistas, que tinham uma condição sub-humana para que pudessem fazer a avaliação”, elencou o ministro.

Ministro nega que mudanças trarão mais custos

Indagado sobre os custos com a mobilização de dois finais de semana para o Enem, em vez de um, Mendonça Filho negou que isso implique em necessidade de mais recursos, mas evitou fazer uma estimativa. A edição de 2016, a mais cara da história do exame, custou cerca de R$ 800 milhões --nos finais de semana de 4 e 5 de novembro, à maioria dos candidatos, e 3 e 4 de dezembro a pouco mais de 270 mil deles, em função das ocupações escolares do ano passado.

“Estamos trabalhando de forma muito intensa para que isso não signifique aumento de custos; tem espaço para racionalizar despesas importantes”, disse. Quais? “Não posso especificar. Mas nossa missão, no processo de negociação com os principais fornecedores de serviços para aplicação do Enem, a partir da divulgação do edital, é seguir uma lógica de racionalização e otimização de custos –sem comprometer que a prova seja feita com segurança, com qualidade e com conforto”, resumiu.

Outra mudança no Enem deste ano será a adoção de um caderno de prova com a identificação do aluno. Para o ministro da Educação, essa será uma forma de “aumentar a rastreabilidade e a segurança” na aplicação, com menor risco de fraudes.

“O objetivo com esses novos cadernos é aumentar a segurança e inibir a atuação de potenciais fraudadores que queiram tirar vantagens durante a aplicação da prova”, declarou. Indagado sobre o impacto financeiro da medida, concluiu: “Não necessariamente mais tecnologia trará mais custos.”

"Principais vestibulares do país não serão afetados”

O ministro também não detalhou se a realização de exames em dois domingos terá como obstáculos os vestibulares das instituições em que o Enem é realizado. O maior local de aplicação das provas em São Paulo, por exemplo, é uma universidade privada –a Uninove, na zona oeste de São Paulo. Universidades públicas também são pontos de prova.

“O Inep dialoga e dialogará com as instituições que aplicam a prova do Enem. Dado o impacto do exame, que é uma grande referência de aplicação de outros exames para todo o Brasil, acredito que isso será fator para o planejamento dos vestibulares --nunca houve nenhuma dificuldade nesse sentido, mas acreditamos que as novas datas não vão atrapalhar o período de realização dos principais vestibulares do país”, encerrou.