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Mendonça Filho chama Haddad de mentiroso e fala em "herança maldita" no MEC

27.set.2017 - O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), no Encontro Nacional para Alinhamento Operacional do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2017 - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Folhapress
27.set.2017 - O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), no Encontro Nacional para Alinhamento Operacional do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2017 Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

16/10/2017 16h45Atualizada em 18/10/2017 17h00

O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), rebateu as críticas feitas pelo ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), à atual gestão do MEC (Ministério da Educação) em entrevista ao UOL publicada no último domingo (15).

Em nota, o ministro diz que Haddad não discute o tema de educação com a "seriedade que o tema merece" e que a gestão do PT (Partido dos Trabalhadores) deixou uma "herança maldita" no MEC, com contas atrasadas, cortes orçamentários, programas encerrados e obras paralisadas.

"O professor Haddad não nega o DNA petista, que usa a mentira e a mistificação como método de ação. Chamo o prefeito à responsabilidade como ex-ministro para discutir a educação com a seriedade que o tema merece, a sociedade deseja e as crianças e jovens brasileiros precisam para deixarem de ser vítimas dessa tragédia que se tornou o ensino brasileiro, em grande parte pela herança maldita deixada pelas gestões do PT à frente do MEC", criticou o ministro.

Sobre as críticas de Haddad em relação ao corte de recursos para a educação feitos pelo atual governo, Mendonça Filho afirma que sua gestão à frente do MEC recuperou o corte de recursos da pasta feito pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016.

"Apesar de o professor Haddad ignorar solenemente os mais de R$ 10 bilhões cortados do orçamento da educação em 2015 e dos 6,4 bilhões em 2016 pelo governo Dilma, não tenho problema em ajudá-lo a retomar a memória", diz Mendonça. "Recuperamos R$ 4,7 bilhões do corte feito pelo PT em 2016, regularizamos os repasses, retomamos obras em universidades e institutos. Tudo isso numa situação de grave crise fiscal e financeira deixada pela gestão petista".

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Na entrevista ao UOL, Haddad também fez duras críticas à suspensão de novas vagas para o Fies, ProUni e Pronatec entre os anos de 2016 e 2017. Em resposta, Mendonça Filho diz ter aperfeiçoado tais programas e que as "políticas públicas e programas sérios têm que ter como foco o benefício ao cidadão e não apenas gerar números para atender à demanda do marketing".

Especificamente sobre o Fies, o ministro diz "ficar impressionado como o PT tem coragem de falar do programa sem fazer menção ao 'descalabro' na gestão do Fundo de Financiamento Estudantil durante os governos petistas".

"Pegamos o Fies quebrado, com rombo de R$ 32 bilhões. O foco do PT foi o crescimento do Fies para favorecer os grandes grupos privados de educação e para gerar grandes números para atender ao marketing eleitoral", afirmou Mendonça Filho.

Ainda segundo a nota, o ministro pontua que Haddad "se cala" sobre os números apontados nos recentes indicadores de qualidade da educação brasileira como o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), o Pisa (Programa Internacional de Avaliação do Estudante), a Avaliação Nacional de Alfabetização e outras avaliações internacionais como a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

"Por que será que o professor Haddad diz que quer debater educação e se cala sobre os indicadores de resultado do ensino no Brasil, que são uma vergonha? Será que é porque os indicadores mostram o Brasil real, das crianças que chegam aos 9 anos sem saber ler e dos 1,7 milhões de jovens que abandonam o ensino médio engrossando a geração que nem estuda e nem trabalha?".

Fernando Haddad criticou também a atual reforma do Ensino Médio, sancionada em fevereiro deste ano, dizendo que "não existe reforma do Ensino Médio" e que "está sendo feita uma publicidade de uma coisa que não vai acontecer".

Sobre este ponto, o atual ministro enaltece a reforma elaborada pela sua gestão no MEC. "Pelas declarações do professor Haddad, ele desconhece que a reforma do ensino médio criou o arcabouço legal que permite uma nova estrutura para o novo ensino médio, dando aos jovens brasileiros a oportunidade de ser protagonista da sua formação educacional e de seu projeto de vida".

Outro lado

No final da noite desta segunda (16), a assessoria de imprensa de Haddad divulgou nota convidando Mendonça Filho para um "debate".

"Em resposta ao ministro Mendonça Filho, o ex-ministro Fernando Haddad, da Educação, propõe um debate em qualquer uma das mais de 60 universidades federais espalhadas pelo país, para que se contraponham os números das duas gestões", diz o texto.

Na quarta-feira (18), o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT-SP) contestou as críticas de Mendonça Filho. Em texto enviado ao UOL, o chefe da pasta entre 2012 e 2013 e entre 2015 e 2016 afirmou que o atual ministro ataca as gestões petistas "no intuito de criar uma cortina de fumaça sobre os retrocessos que o governo Temer impõe à educação brasileira".

Segundo Mercadante, os R$ 4,7 milhões a que Mendonça Filho se refere foram devolvidos ao MEC só "após o fim do bloqueio das atividades legislativas, com a retomada das votações orçamentárias, que só ocorreu depois do afastamento da presidenta Dilma Rousseff".

O ex-ministro ainda contesta as críticas de Mendonça à gestão do Fies nos governos do PT. "Quando um novo cenário econômico com restrições fiscais se apresentou, em 2015, uma série de medidas prudenciais foram adotadas, com o redirecionamento das vagas para cursos considerados mais estratégicos, além da vinculação ainda mais exigente à qualidade das instituições ofertantes nas avaliações do Ministério da Educação. (...) As taxas de juros foram elevadas de 3,5% para 6,5% a.a. No cenário de crise fiscal fizemos um ajuste com qualidade no Fies, com consequente redução da oferta de vagas, mas mantendo o compromisso de inclusão educacional".

Por fim, Mercadante diz que "ao invés de tentar responsabilizar os governos anteriores pelo fracasso que esse governo já é na educação, o ministro [Mendonça Filho] deveria lutar para recolocar a educação como eixo estratégico capaz de colocar o Brasil na sociedade do conhecimento".