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"Meu filho foi fazer o Enem chorando", diz mãe de transgêneros atacados na internet

Bruno Aragaki

Colaboração para o UOL, do Rio

05/11/2017 21h46

Minutos depois de o UOL publicar o texto “Enem: Banheiro e nome no cartão causam ansiedade entre transgêneros”, na manhã deste domingo (5), comentários pejorativos se multiplicaram nas redes sociais. “Meu filho viu e foi fazer a prova chorando. Na hora, fiquei mole, igual gelatina. Mas eu sempre o apoiarei e ele sabe disso”, diz Sandra*, mãe dos gêmeos Paulo* e Pedro*, de 18 anos, entrevistados pela reportagem.

“Eles estudaram, se prepararam muito e, no dia da prova, além do estresse pelo nome e pelo banheiro ainda tiveram que lidar com deboche e hostilidade das pessoas. A transfobia existe e meu filho foi vítima disso”, afirma Sandra.

Psicopedagoga de formação, ela trata do tema também no seu trabalho. “Sempre oriento pais e alunos a tratarem com respeito. Se não se interessa ou não concorda com uma reportagem, pode simplesmente não ler. Para que fazer comentários maldosos?”, questiona.

Papel dos pais

Sandra diz que, quando os gêmeos contaram que eram transgêneros, ela sabia pouco sobre o assunto. “Achava que estava diante de uma questão rara, diferente, e vi que é mais comum do que imaginamos. O que falta é empatia e informação às pessoas”, afirma.

Pela internet, ela começou a estudar sobre o tema e encontrou o grupo Mães pela Diversidade, uma rede de apoio presente em 14 Estados.

“Ser LGBT não é opção, moda, muito menos um mal. É uma característica de algumas pessoas, que têm o direito de serem respeitadas incondicionalmente”, diz a subcoordenadora do grupo no Rio, a pedagoga Iracema Miranda.

Diante da repercussão, o UOL retirou as fotos dos adolescentes e trocou o nome dos entrevistados.

*Os nomes sociais dos entrevistados foram alterados