Estudante denuncia fiscal do Enem por dizer que ele tem "nome de pobre"
“Indignação me resume”. Com essas três palavras o universitário Jefté Cavalcante Nobre, de 18 anos, abriu a denúncia em seu perfil no Facebook sobre um suposto caso de preconceito durante o primeiro dia de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), no domingo (5), em Rio Branco, no Acre.
Segundo Nobre, que cursa nutrição na Universidade Federal do Acre, mas sonha em fazer medicina, durante a entrega do caderno de questões, a fiscal, que não teve o nome revelado, teria dito que o nome dele "é de pobre" na frente da sala, o que o deixou muito constrangido. O episódio aconteceu no auditório da Uninorte (União Educacional do Norte).
Na postagem, que causou revolta na rede social, o universitário escreveu: “Indignação me resume! A má preparação de uma aplicadora de prova a nível Nacional (ENEM). Não convém mencionar o nome da mesma, porém ao olhar para um nome diferente, e bíblico (Jefté), e falar em alto e bom som perante o auditório da Uninorte que é nome de pobre, me causou um enorme constrangimento e indignação diante de mais de 70 pessoas presentes. Será que até para se ter um nome precisamos seguir algum tipo de padrão da sociedade?”.
Ao UOL, o estudante contou que ela olhou seu nome, que não é comum, mas é bíblico, não conseguiu pronunciá-lo e, logo depois, falou: “Nossa, que nome de pobre”. “A grande maioria das pessoas que estava lá começou a rir por conta disso. Me senti bastante constrangido. Sei que meu nome não é comum, mas não precisava fazer um comentário tão grotesco”, lamentou.
Nobre afirmou que na hora não teve reação, mas depois começou a refletir e pensar que isso pode acontecer com outras pessoas. “Já tenho testemunhas que presenciaram o episódio e vou entrar com uma ação na Justiça por danos morais contra a fiscal para que essa situação não se repita com ninguém”, disse.
O universitário também disse que entrou em contato com a coordenadora do Enem no Estado, Maria Victor, e que teve oportunidade de pedir para que ela troque a fiscal de sala no próximo domingo (12) para que ele possa ter mais tranquilidade no segundo dia de prova.
“Essa situação me abateu, posso ter até me prejudicado na prova porque fiquei abalado emocionalmente, mas não vou desistir agora, nem que seja para eu pedir para fazer a prova em outra sala”, concluiu Nobre.
Outro lado
Procurada pelo UOL, Maria Victor, confirmou que recebeu a denúncia do jovem e que o caso está sendo apurado, mas não quis comentar.
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