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Política de alfabetização não deve se pautar em metodologia única, diz MEC

Prova de alfabetização na escola Municipal Adolpha Bartsch, em Joinville, em 2015 - Carlos JR -05.11.2015/Folhapress
Prova de alfabetização na escola Municipal Adolpha Bartsch, em Joinville, em 2015 Imagem: Carlos JR -05.11.2015/Folhapress

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

19/02/2019 11h48Atualizada em 19/02/2019 13h15

A secretária de educação básica do MEC (Ministério da Educação), Tania Leme de Almeida, afirmou hoje que a política de alfabetização estabelecida como pauta prioritária para os primeiros 100 dias do governo Jair Bolsonaro (PSL) não deve ser pautada em uma única metodologia.

"O que pretendemos entregar para a Casa Civil seria uma política nacional de alfabetização, e estamos nesse momento em um árduo estudo de possíveis ações -- lógico que pautado em evidências científicas", disse durante um painel no seminário Educação Já, realizado em São Paulo pelo Todos Pela Educação, a FGV (Fundação Getulio Vargas) e o MIT (Massachusetts Institute of Technology). "Acho que cabe a mim dizer, nesse momento, que a política de alfabetização não deve ser pautada em uma única metodologia."

A secretária afirmou ainda ser necessário pensar em cada aluno como um "universo", e que, na visão dela, cada um tem sua melhor forma de aprender. "[É preciso] Respeitar o ser, respeitar o indivíduo nessa sua pluralidade de aprender também", afirmou Tania no evento.

Tania, no entanto, não deu maiores informações sobre o programa. Segundo ela, a oficialização de um grupo de trabalho no MEC para discutir a alfabetização aconteceu há apenas 20 dias.

Fazem parte do grupo a secretaria de alfabetização, a secretaria de educação básica, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). 

Esta foi a primeira declaração pública da secretária após tomar posse em janeiro deste ano.

A fala acontece após rumores de que a política de alfabetização poderia ter como base apenas o método fônico, em detrimento de outras formas de trabalho, como o letramento.

O secretário da recém-criada secretaria de alfabetização, Carlos Nadalim, é defensor do método fônico. Engenheira, Tania é professora do Centro Paula Souza, em São Paulo, e foi diretora da Fatec de São Carlos.

O método do fônico apresenta às crianças os sons de cada letra antes de ensiná-las a construir palavras e textos. O letramento tem foco na consequência da ação de ler, isto é, no entendimento da palavra e dos textos.

Em um vídeo em seu canal no YouTube, Nadalim critica o que chama de métodos construtivistas, que segundo ele têm uma "preocupação exagerada com a construção de uma sociedade igualitária, democrática e pluralista, em formar leitores críticos, engajados e conscientes".