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Com brasileira finalista, Nobel da Educação fica com professor do Quênia

Débora Garofalo é professora da rede pública de SP - Divulgação
Débora Garofalo é professora da rede pública de SP Imagem: Divulgação

Do UOL, em Brasília*

24/03/2019 12h40

O queniano Peter Tabichi venceu hoje a edição 2019 do prêmio Global Teacher Prize, considerado o Nobel da Educação. Em cerimônia realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o africano superou outros nove finalistas, entre os quais a brasileira Débora Garofalo, que leciona na rede pública de São Paulo.

Débora tornou-se a primeira mulher brasileira a ficar entre os dez melhores professores do mundo. A honraria é concedida pela Varkey Fundation e tem como patrono o emir de Dubai, xeque Mohammed bin Rashid al Maktoum.

Paulistana e formada em Letras e Pedagogia, Debora se destacou como orientadora de informática educacional na Escola Municipal Almirante Ary Parreiras, vizinha à favela Alba, no Jardim Babilônia, zona sul de São Paulo.

Ela desenvolveu o projeto "Robótica com Sucata", que consiste no reaproveitamento de materiais recicláveis recolhidos pelos próprios alunos para desenvolver soluções para o cotidiano das famílias da comunidade.

Ensino em aldeia

Tabichi, que é professor de matemática e física no Quênia, faturou US$ 1 milhão ao vencer o Global Teacher Prize. O valor do prêmio é equivalente a 73 anos de trabalho de Débora na rede pública de São Paulo, considerando o seu salário atual e sem gastar um centavo.

O africano vencedor leciona em uma aldeia remota do Quênia e se tornou conhecido por investir a maior parte de seus ganhos na formação de seus alunos aos fins de semana.

Tabichi é professor na aldeia semi-árida de Pwani, onde praticamente uma a cada três crianças é órfã ou tem apenas um dos pais, segundo informações da agência de notícias Associated Press. A fome e a seca são frequentes.

As condições das salas de aula são precárias e, no colégio em que Tabichi trabalha, há apenas um computador com acesso precário à internet.

O vencedor do Global Teacher Prize foi saudado pelo presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta. Em comunicado enviado à imprensa, o chefe de estado afirmou que fez história em nome do continente africano.

"Você me dá a fé de que os melhores dias da África estão à nossa frente e sua história iluminará o caminho para as gerações futuras."

*Com informações da AP