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'Confio na decisão do presidente', diz Vélez após ser demitido do MEC

Do UOL, em São Paulo

08/04/2019 19h53

Após ter sido demitido por Jair Bolsonaro (PSL), o agora ex-ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez disse que confia na decisão do presidente. Ele também agradeceu a oportunidade e desejou sorte ao seu sucessor.

"Agradeço ao presidente, Jair Bolsonaro, a oportunidade de estar à frente do Ministério da Educação. Confio em sua decisão e me despeço desejando ao professor, Abraham Weintraub, sucesso no cumprimento de sua missão", escreveu no Twitter nesta noite.

Vélez foi demitido antes de completar 100 dias à frente da pasta, em meio a uma série de polêmicas e uma onda de desonerações dentro do MEC.

Segundo o porta-voz da presidência, Otávio Rego Barros, a posse do novo ministro, Abraham Weintraub, será amanhã às 14h.

Sucessor não é ligado à Educação

O novo ministro, Abraham Weintraub, não é um nome ligado à educação.

Apesar de atuar como professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Abraham fez sua carreira no mercado financeiro, com mais de 20 anos de atuação no setor bancário, passando pela Quest Investimentos, Banco Votorantim e outras instituições.

Tanto Abraham como seu irmão, Arthur Weintraub, já atuam no governo Bolsonaro.

Abraham ocupava o cargo de secretário-executivo da Casa Civil, pasta comandada por Onyx Lorenzoni (DEM). Ele também fez parte da equipe de transição após a eleição de Bolsonaro, sendo um dos responsáveis pela área da Previdência.

Abraham acompanhou o presidente na viagem internacional a Israel, no começo da semana passada, e compareceu à reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara sobre a reforma da Previdência, na quinta-feira (4).

O novo ministro da Educação já demonstrou simpatia pelas ideias do escritor Olavo de Carvalho, espécie de guru de Bolsonaro. Segundo a Folha de S. Paulo, Olavo foi consultado sobre a indicação do economista para a pasta.

Durante a Cúpula Conservadora das Américas, realizada em Foz de Iguaçu no ano passado, Abraham disse ser preciso combater o pensamento da esquerda, fazendo o que Olavo de Carvalho manda fazer. "Quando ele [um comunista] chegar para você com o papo 'nhoim nhoim', xinga. Faz como o Olavo de Carvalho diz para fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais", disse.

Na ocasião, ele também afirmou que é preciso vencer o marxismo cultural nas universidades e atuar para que o Brasil pare de "fazer bobagem".

Olavo de Carvalho usou seu Twitter para desejar sorte a Abraham Weintraub.

Abraham é formado em Ciências Econômicas pela USP (Universidade de São Paulo), e tem mestrado e MBA em fundos de investimento e finanças internacionais pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Desde junho de 2014, atua como professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e atua como diretor Executivo do CES (Centro de Estudos em Seguridade). Ao contrário do que o presidente afirmou, o título de doutor não consta no currículo lattes do novo ministro.

Minutos depois de postar a indicação do economista no Twitter, Bolsonaro admitiu o erro na titulação do novo ministro.

Em nota divulgada pela Casa Civil, o ministro Onyx Lorenzoni afirmou que Abraham é um homem com uma "sólida formação", que conhece gestão e a iniciativa privada.

"Foi uma das pessoas que muito cedo acreditou na candidatura de Jair Bolsonaro. Foi junto com muitas outras pessoas, um dos formuladores do plano de governo de Bolsonaro e é uma pessoa muito importante nas tomadas de decisões de rumo do nosso governo", disse na nota.

Lorenzoni disse ainda que o Bolsonaro ganha "com um ministro capaz, um aliado leal, um administrador competente e honesto". "[Ele] sabe que a educação brasileira precisa ser transformada para verdadeiramente ser o caminho para que crianças e adolescentes possam construir uma vida melhor para si e para suas famílias", disse.

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