Topo

Alunos revelam como conseguiram vagas em engenharia na USP sem vestibular

As medalhas de Enzo Serrano Barbosa em olimpíadas científicas renderam uma vaga no curso de engenharia civil da USP - Reprodução
As medalhas de Enzo Serrano Barbosa em olimpíadas científicas renderam uma vaga no curso de engenharia civil da USP Imagem: Reprodução

Giorgia Cavicchioli

Colaboração para o UOL

27/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Universidades paulistas como USP, Unicamp e Unesp oferecem vagas "olímpicas" para alunos com medalhas em competições científicas
  • Estudantes que optam pelas vagas olímpicas não precisam fazer os testes tradicionais
  • Enzo Serrano Barbosa, de 18 anos, e de Roberto Marques Matheo, de 17 anos, entraram na USP por meio das vagas olímpicas

As medalhas de Enzo Serrano Barbosa, de 18 anos, e de Roberto Marques Matheo, de 17 anos, na IYPT de 2019, um dos mais importantes torneios científicos para jovens, tiveram um peso e tanto. Com a premiação, os estudantes conseguiram vagas nos cursos de engenharia civil e engenharia mecatrônica, respectivamente, na Universidade de São Paulo (USP) sem precisar passar pelo vestibular.

Desde 2019, a USP oferece vagas "olímpicas" para alunos com medalhas em competições científicas como as de Matemática, Física e Química. Foram 113 vagas em 60 cursos. A nova modalidade de seleção, também adotada pela Unicamp e a Unesp, faz parte de uma tendência de diversificar formas de ingresso nas instituições paulistas.

Funciona assim: estudantes que optam pelas vagas olímpicas não precisam fazer os testes tradicionais - basta apresentar os prêmios e o histórico escolar. Quanto mais dourada a medalha, maior a pontuação. E prêmios em torneios internacionais aumentam a chance. Se quiserem, também podem concorrer na modalidade convencional separadamente.

Para os dois estudantes que concluíram o ensino médio no Colégio Objetivo Integrado, em São Paulo, a paixão pelas ciências exatas rendeu a oportunidade mais importante da vida deles. De acordo com Enzo, a preparação para as olimpíadas foi intensa. "Eu estudava durante todo o tempo do meu dia. Acordava, ia para a escola e ficava o dia inteiro trabalhando. Foi uma rotina de louco mesmo. Mas todo o esforço teve resultados", diz.

A rotina de Roberto em relação aos estudos foi totalmente diferente da realizada pelo colega. Com dificuldades em estudar diante do nervosismo de quem está buscando uma vaga no vestibular, ele não teve um rotina de estudos tão puxada. "Nunca gostei de fazer um cronograma. É maçante quando as coisas viram uma obrigação. Penso assim: 'eu vou estudar o que eu gosto e, quando precisar, o que não gosto'. Os estudos sempre foram uma coisa bem livre para mim", conta.

A vontade de estudar também foi algo marcante na infância de Enzo. "Desde criança eu sempre estudava muito e me dedicava muito à escola. E, quando chegou no oitavo ano do ensino fundamental, me foi oferecida a possibilidade de participar das olimpíadas", diz.

Com essa possibilidade, o jovem foi para a Polônia, país onde foram realizadas as olimpíadas do ano passado. " A IYPT tem duas fases. Uma é estressante. Até o último dia é uma tonelada de trabalho. A parte divertida é a que tem a apresentação, quando você tem que discutir o seu trabalho. Aí é muito divertido", afirma.

Para Roberto, no entanto, o maior desafio aconteceu em relação a suas expectativas sobre ele mesmo. Ele não achava que conseguiria uma vaga. Porém, suas amigas o convenceram a tentar e, no último dia, ele fez sua inscrição. "Eu me cadastrei e, em alguns dias, saiu o resultado da USP e eu tinha sido aprovado", comemora.

Agora, ele poderá realizar seu sonho de cursar engenharia mecatrônica. "Primeiro, foi uma sensação de 'será que sou eu mesmo'? e depois veio um alívio muito grande. É muito bom estar aprovado antes mesmo do final do ano. Em outubro eu já estava com o resultado", diz. " Estou bem animado. É o que eu gosto mesmo. A engenharia se aplica ao cotidiano e a mecatrônica é a área que tem mais futuro. Se a tecnologia vai dominar tudo, eu prefiro estar lá para poder controlar", explica Roberto.

Foi pensando na aplicação que a engenharia civil tem no cotidiano de todas as pessoas que Enzo também fez a escolha pelo seu curso. "Eu sempre soube que eu gostava de exatas e a física é a parte que mais me encanta por tirar as coisas da teoria e colocar na prática. Por essa facilidade de experimentação, por essa semelhança com a realidade e pelo meu gosto de fazer as coisas saírem do papel, escolhi esse curso", afirma.

Agora, os dois dividem a alegria e a expectativa pela entrada na USP com seus familiares e amigos. Segundo Roberto, seus pais estão muito animados com a conquista dele. "Sabe aquela história de 'o seu primo passou no vestibular'? Eu sou o primo (risos). Eu acho que eu vou gostar muito. Não foi uma escolha que fiz por dinheiro, é uma coisa que eu gosto e eu entrei em uma faculdade ótima, que é a USP", diz.

A família de Enzo também ficou muito feliz com o sucesso do filho. "Quando o resultado ia sair, eu fiquei esperando e, a cada minuto, eu ia atualizando a página. Quando eu vi, eu não acreditei. Demora um tempinho para cair a ficha, mas, quando caiu, eu saí correndo para contar para o meu pai e a gente foi comer em um restaurante para comemorar", celebra.