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Escola orienta professores a comer sobras da merenda no litoral paulista

A Escola Municipal Doutor Roberto Shoji, na Praia Grande, litoral de São Paulo - Reprodução/Google Maps
A Escola Municipal Doutor Roberto Shoji, na Praia Grande, litoral de São Paulo Imagem: Reprodução/Google Maps

Mariana Gonzalez

Do UOL, em São Paulo

14/02/2020 18h50Atualizada em 14/02/2020 20h38

Professores da Escola Municipal Doutor Roberto Shoji, na Praia Grande, no litoral paulista, alegam ter sido proibidos de consumir a merenda servida na escola e orientados pela direção a comer as sobras da refeição dos alunos.

Um docente que preferiu não se identificar contou ao UOL que os professores foram informados sobre a regra durante reunião na última segunda-feira (10).

Na ocasião, a nova diretora, que assumiu o cargo no início deste ano letivo, teria dito que a orientação vinha da Secretaria Municipal de Educação — o professor, no entanto, conta que até ano passado ele e os colegas tinham acesso normal à merenda.

A reportagem teve acesso à ata da reunião, que diz: "Alimentar-se da merenda após os alunos, não junto com eles, caso haja sobra".

O professor alega que os docentes da rede municipal não recebem vale-alimentação ou nem vale-refeição e que ainda enfrentam uma série de restrições em relação à comida que levam de casa. Segundo ele, não é permitido levar na marmita refrigerante, sanduíches, alimentos fritos a óleo, balas e doces.

"Trabalhamos 4 horas direto, às vezes oito, já que alguns professores dobram o período, sem parar para comer. Se for trazer de casa, ficamos restritos a alguns alimentos. Fica complicado um professor fazer essa gestão, em que momento ele vai preparar essa comida?", questiona.

Ele contou que, até o final do ano letivo de 2019, a rotina era esperar os alunos se servirem e, então, o corpo docente se servir também — todos se alimentavam ao mesmo tempo, durante o intervalo da aula.

Outro lado

O UOL procurou a direção da Escola Municipal Doutor Roberto Shoji, que preferiu não se manifestar.

A Secretaria Municipal de Educação negou que proíbe professores de se alimentarem com os alunos, mas disse que "a orientação, especialmente no segmento da Educação Infantil, é que os funcionários tenham cuidado para que a rotina de alimentação das crianças transcorra de forma prioritária e com normalidade".

A pasta não confirmou que impõe restrições à marmita dos servidores, mas disse que pede cautela, pois "o cardápio oferecido nas escolas é feito sob parâmetros nutricionais visando uma alimentação saudável".

Reincidência

Em abril de 2019, o jornal A Tribuna noticiou que uma outra escola pública da Praia Grande, a E.M. Paulo de Souza Sandoval, havia proibido professores e funcionários de fazer as refeições junto com os alunos.

"Segundo determinação da Seduc, não é permitido comer durante as refeições das crianças", dizia uma placa colada no refeitório. O cartaz também alertava para a presença de câmeras de segurança.

Na época, como reportou o veículo, a prefeitura negou a proibição de que servidores da rede municipal se alimentem com os alunos, mas disse que orienta escolas de Educação Infantil que a rotina de alimentação das crianças deve ser prioridade.