Topo

Com presença virtual de Bolsonaro, Ribeiro é empossado ministro da Educação

Hanrrikson de Andrade e Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

16/07/2020 16h41Atualizada em 16/07/2020 18h43

Milton Ribeiro tomou posse hoje como ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro (sem partido). Em seu primeiro discurso como chefe do MEC, ele falou em "resgatar o respeito" pelos professores e reverter um cenário de "desconstrução da autoridade" em sala de aula. Também negou que seja entusiasta de práticas educacionais que façam uso de violência.

A declaração se deve à repercussão de um vídeo antigo que circulou nas redes sociais, logo após a nomeação, na semana passada, em que ele defende educar crianças pela "dor".

"Jamais falei em violência física na educação escolar e nunca defenderei tal prática, que faz parte de um passado que não queremos de volta. Entretanto, vale lembrar que, devido à implementação de políticas e filosofias educacionais equivocadas, em meu entendimento, desconstruíram a autoridade do professor em sala de aula e que agora existe por muitas vezes episódios de violência física de alguns maus alunos contra o professor", afirmou Ribeiro.

"Muitas vezes, o que acontece é que a gente vê na TV. Professores sendo agredidos, desrespeitados. E aquilo que eu puder, como ministro da Educação, apoiar as iniciativas, nós precisamos resgatar o respeito pelo professor."

Ainda em recuperação do coronavírus, Bolsonaro participou da solenidade por meio de videoconferência e, de casa, no Palácio da Alvorada, assinou termo que oficializa a nova gestão do MEC.

O presidente agradeceu ao subordinado por "aceitar tamanho desafio" e disse que a chegada do novo ministro cria uma expectativa de diálogo maior entre o poder público e os setores da educação.

"Existe hoje em dia uma gama enorme de excelentes e excepcionais professores em todos os níveis no Brasil. E, com toda a certeza, com a chegada de um ministro voltado para o diálogo, usando a sua experiência e querendo o melhor para as crianças, esse entendimento se fará presente."

Disputa ideológica

A pasta da educação é objeto de uma disputa ideológica dentro do próprio governo e alvo de críticas de vários setores sociais devido a polêmicas que ocorreram na gestão de Abraham Weintraub.

O ex-ministro era acusado de não ouvir as classes que compõem a estrutura educacional no país, como universidades, professores e estudantes. Os desgastes, somados à repercussão do episódio no qual ele chamou ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) de "vagabundos", resultaram na saída de Weintraub.

Bolsonaro foi convencido de que precisava promover o diálogo na pasta e, para o lugar de Weintraub, delegou a função a Carlos Alberto Decotelli, professor universitário que contava com a simpatia dos militares. O escolhido, no entanto, foi demitido cinco dias após a nomeação por conta de inconsistências curriculares.

Ribeiro assume o MEC na condição de quarto ocupante desse posto na gestão Bolsonaro —além de Decotelli e Weintraub, o órgão também foi chefiado por Ricardo Vélez Rodriguez, que caiu no ano passado.

Professores são 'segundos pais', diz Bolsonaro

Em discurso por videoconferência, o presidente buscou endossar as palavras de seu novo subordinado quanto ao "resgate" da autoridade de professores.

"Lembro-me dos anos 60, nos momentos de festa na cidade, quando havia um casamento, por exemplo, as primeiras pessoas das listas a serem convidadas eram os professores. Nós temos que resgatar isso daí. Os professores são praticamente os nossos segundos pais. Devemos respeito e reconhecimento por aquilo que nos ensinam e ficará para sempre em nossas vidas."

De acordo com o mandatário, "não é fácil a vida do professor nos dias atuais". Muitos, segundo ele, "tentaram consertar, mas na verdade se equivocaram". Bolsonaro encerrou o raciocínio sem explicar com clareza o que estava contando.

"É um ministério grande, complexo, com autonomias e setores, dependendo muitas vezes de conselhos para tomar decisões. Não é fácil a vida do ministro. E dele, em grande parte, depende o futuro da nossa nação. Já disse ao Paulo Guedes que o que liberta um país, o que liberta um homem não são programas sociais, são conhecimento [sic]. E esse conhecimento vem em grande parte do Ministério da Educação."

'Ajuda de Deus'

Pastor da Igreja Presbiteriana, Ribeiro encerrou o seu discurso de posse pedindo ajuda a Deus. "Conquanto, tenho a formação religiosa, meu compromisso que assumo hoje ao tomar posse, está bem firmado e localizado em valores constitucionais da laicidade do estado e do ensino público. Assim, Deus me ajude."