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Na pandemia, 608 mil alunos interrompem curso no ensino superior privado

Segundo levantamento do Semesp, houve ainda queda no número de alunos ingressantes no 2º semestre - Rodolfo Santos/Getty Images/iStockphoto
Segundo levantamento do Semesp, houve ainda queda no número de alunos ingressantes no 2º semestre Imagem: Rodolfo Santos/Getty Images/iStockphoto

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

19/10/2020 00h01

Em meio à pandemia do coronavírus, instituições privadas de ensino superior viram aumentar o número de alunos com mensalidades em atraso. Houve ainda crescimento na quantidade de estudantes que optou por desistir do curso, seja de maneira temporária ou definitiva.

É o que aponta um estudo divulgado hoje pelo Semesp, entidade que reúne mantenedoras de ensino superior no Brasil.

No primeiro semestre de 2020, segundo o levantamento, a taxa de evasão no ensino superior privado foi de 10,1% —valor 14,7%% maior do que o observado no mesmo período no ano passado, quando o percentual era de 8,8%.

Em números absolutos, 608 mil alunos desistiram ou trancaram matrícula no primeiro semestre de 2020, 83 mil a mais que no mesmo período de 2019.

Já a taxa de inadimplência nos primeiros seis meses deste ano foi de 11% —um aumento de 29,9% em relação ao mesmo período de 2019. Antes, a taxa de desistência dos alunos era de 8,5%.

Segundo o levantamento, 565 mil alunos ficaram inadimplentes no primeiro semestre de 2020, 109 mil a mais que no mesmo período de 2019.

Os dados foram obtidos por meio de uma pesquisa realizada com 53 instituições particulares de ensino superior. A maior parte das unidades de ensino que participaram do levantamento (67,4%) atende até 7 mil alunos —porte considerado como pequeno ou médio pelo Semesp.

Para a entidade, efeitos causados pela pandemia da covid-19, como o crescimento do número de desempregados, redução da renda dos trabalhadores e incertezas sobre o retorno das aulas presenciais contribuíram diretamente para o aumento das taxas de evasão e inadimplência dos alunos.

"Composto por mais de 90% de alunos das classes de renda C, D e E, o público do ensino superior privado foi o que mais sofreu com desemprego, perda de renda e suspensão ou redução de contrato de trabalho", diz o relatório divulgado junto aos dados da pesquisa.

"Consequentemente, as instituições de ensino superior viram a inadimplência e os trancamentos ou as desistências crescerem", continua o texto. A entidade estima que, devido aos trancamentos, desistências, não rematrículas e também a uma queda no ingresso de alunos no segundo semestre deste ano, o setor perdeu ao menos 423 mil alunos.

O atraso no pagamento das mensalidades é maior entre os alunos de cursos EAD (ensino a distância). Nesta modalidade de ensino, a taxa de inadimplência foi de 12,5% no primeiro semestre deste ano, segundo a pesquisa.

No ensino presencial, o percentual de inadimplência ficou em 10,9% —um aumento de cerca de 33% em relação ao observado no primeiro semestre de 2019, quando a taxa de alunos com pagamentos em atraso era de 8,2%.

Queda no ingresso de alunos no 2º semestre

A pesquisa mostra ainda que houve queda no número de alunos novos nas instituições de ensino, no segundo semestre deste ano, em comparação com a quantidade de ingressantes no segundo semestre de 2019. No Brasil, segundo o levantamento, o percentual de queda foi de 19,8%.

Essa taxa, no entanto, foi ainda maior se analisados apenas os cursos presenciais, que tiveram percentual de queda de 38,2% na quantidade de ingressantes no segundo semestre deste ano. Nos cursos da modalidade EAD, a queda no número de ingressos foi de 13,2%.

O levantamento também aponta que as taxas de rematrícula também caíram, mas em menor intensidade. No país, esse indicador ficou em 89,7%, taxa 2,6% menor que no mesmo período de 2019.