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"Só privilegiado consegue se dar bem no Enem 2020", diz aluna no Rio

A estudante Alexia Nascimento, 22, quer prestar medicina e se diz uma privilegiada no Enem - Tatiana Campbell/UOL
A estudante Alexia Nascimento, 22, quer prestar medicina e se diz uma privilegiada no Enem Imagem: Tatiana Campbell/UOL

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio

24/01/2021 18h33

Em meio a uma pandemia e com a vontade de ajudar o próximo, a estudante Alexia Nascimento, 22, quer prestar medicina.

Por mais que tenha tido uma boa base na educação, cursando inclusive uma faculdade nos Estados Unidos, a jovem diz considerar a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano "um absurdo". Para ela, o exame não é uma meritocracia, é para todos.

"Eu acho que a prova foi totalmente injusta. Muitas pessoas não tiveram acesso a internet, não tiveram acesso a professores particulares, a cursinhos", diz.

"Várias pessoas priorizaram trabalhar para ajudar a família para ajudar na economia familiar. Essa prova não é uma meritocracia. Eu acho que só os extremamente privilegiados conseguem se dar bem na prova", disse Alexia, que fez a prova na PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio), na zona sul da cidade.

"Na minha sala, 27 pessoas não compareceram. Houve umas 13 pessoas no local de prova. Hoje eu quase não tirei minha máscara, até porque até fazer um lanche ou ir ao banheiro é um risco. É um absurdo acontecer isso [o exame] em uma pandemia. Isso pode ajudar a espalhar o vírus", acrescentou.

Alexia Nascimento falou ainda sobre os impactos daqueles que não conseguiram realizar a prova neste ano.

"Muitos que não fizeram a prova pensaram na família. Podem morar com pessoas com comorbidade, com idosos. Eles priorizaram a saúde. Ao mesmo tempo, você adia um ano da sua vida, adia um ano do seu futuro, de oportunidades que possam aparecer. Foi um ano extremamente difícil. Eu sou privilegiada, mas sei que essa não é a condição de todos. É uma realidade muito cruel no Brasil", afirmou.

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